ANÁLISE DA QUALIDADE DO LEITE ATRAVÉS DA EXPRESSÃO GÊNICA DE HSP70 E HSP90 EM BÚBALAS LEITEIRAS (Bubalus bubalis) NA AMAZÔNIA
Produção e qualidade do leite; Estresse térmico; HSPs.
O leite de búfala se destaca no cenário global devido seu grande potencial nutritivo e energético e, no Brasil, a produção de leite de búfala encontra-se em expansão por conta de sua qualidade, e pela natureza rústica dos búfalos. Contudo, assim como outros ruminantes, os búfalos também são suscetíveis ao calor exibindo alterações fisiológicas e comportamentais, características do estresse térmico. Nesse contexto, o objetivo deste estudo foi avaliar os parâmetros bioquímicos e moleculares do leite e sangue a fim de relacionar com possíveis impactos do estresse térmico na produção e qualidade do leite em grupos de búfalas (Bubalus bubalis) com diferentes médias de produção diária de leite, a saber: grupo com maior média, MAp (n=6; 3.46) e com menor média, MEp (n=6; 5.93). Brevemente foram feitas a análise composicional do leite, como gordura, proteína e lactose, análise de contagem de células somáticas (CCS) e concentração de cortisol no sangue e, por fim, as análises de expressões dos genes HSP70, HSP90, TLR-2 e TLR-4. Quanto a análise bioquímica do leite, o porcentual de gordura, proteína e lactose não foi diferente entre os grupos (p > 0,05), bem como a concentração de cortisol sérico (p > 0,05) e a CCS (p > 0,05), a qual ficou abaixo de 200 mil células/mL caracterizando ausência de infecção por mastite clínica e subclínica. Quanto a análise molecular, a expressão de todos os genes, ou seja, HSP70 (0.96 MEp versus 0.58 MAp), HSP90α (0.98 MEp versus 0.03 MAp), HSP90β (0.95 MEp versus 0.48 MAp), TLR-2 (1.02 MEp versus 0.16 MAp) e TLR-4 (1.26r MEp versus 0.07 MAp) foi maior no grupo MEp comparado ao MAp, respectivamente (p < 0,05). Esses resultados indicam que os animais estavam sob estresse, pelo menos em nível celular, sendo prejudicial para a produção do leite no grupo de búfala (MEp). Contudo, este prejuízo se deu apenas na quantidade de leite produzido e não na qualidade do leite, pois nenhum dos parâmetros de composição como lipídeos, proteínas e lactose demostraram alterações significativas entres os grupos. Esses resultados foram reforçando quando realizado o teste de correlação de expressões gênicas com os parâmetros de qualidade do leite (HSP70 x Lipídeo -0.2; HSP70 x Proteína -0.2; HSP70 x Lactose - 0.03; TLR-2 x Lipídeo -0.03; TLR-2 x Proteína 0.3; TLR-2 x Lactose -0.4; TLR-4 x Lipídeo -0.2; TLR-4 x Proteína 0.2; e TLR-4 x Lactose -0.2; p > 0,05). Por outro lado, por falta de estudo relacionados aos genes HSPs e TLRs em células somáticas do leite em búfalas e, também a falta de outros parâmetros como medição simultânea de THI e índices fisiológicos (por exemplo, temperatura corporal) neste estudo, seria muito útil para o entendimento acerca do por que apenas a produção foi afetada e a composição não, além de explicar se a célula estava em estresse térmico ou outro tipo de estresse, uma vez que as HSPs não se limitam apenas ao estresse térmico. Ademais, além de fatores ambientais, fisiológicos e alimentação, outra hipótese acerca de diferenciação na produtividade pode estar relacionada a polimorfismos em genes relacionadas ao estresse térmico e qualidade do leite. Portanto, mais investigações ainda são necessárias para entender os mecanismos básicos induzidos pelo estresse térmico relacionados a produção e qualidade do leite de búfalas. Ademais, proporcionar condições ambientais com baixa temperatura, sombreamento, higienizado, além de uma alimentação qualidade pode minimizar os danos por estresse térmico e contribuir para uma melhor produtividade animal.