AVALIAÇÃO DE ALTERAÇÕES GENÉTICAS DO DNA MITOCONDRIAL EM TUMORES MAMÁRIOS CANINOS
Câncer de mama, canino, mtDNA
O câncer pode ser definido como uma doença resultante do acúmulo de alterações genéticas que interagem com vários fatores internos e externos. Esse acúmulo de alterações nos principais genes que controlam o crescimento e a diferenciação celular (oncogenes e supressores tumorais) gera um crescimento descontrolado da célula, o que compromete a estabilidade genômica do indivíduo. O câncer de mama é uma das principais causas de morte em caninos, sendo considerado um problema sério na medicina veterinária. Alterações da função mitocondrial também podem induzir anormalidades em genes supressores de tumor e oncogenes. Sabe-se que em tumores metastáticos, as mitocôndrias apresentam-se anormais e incapazes de gerar energia através da respiração celular normal. Além disso, alterações no metabolismo celular, como as do metabolismo da glicose, a produção de espécies reativas de oxigênio (ROS) e comprometimento da função apoptótica intrínseca, por exemplo, podem favorecer o crescimento de células tumorais pelo aumento da disponibilidade de intermediários biossintéticos necessários para o crescimento e proliferação celular. Considerando essas informações, esse trabalho teve como objetivo analisar as alterações genéticas de quatro regiões do DNA mitocondrial (Dloop, CYTB, ND1 e COI) em tumores mamários caninos, com o intuito de identificar marcadores moleculares de diagnóstico, sobrevida e prognóstico, que possam ser utilizados para o desenvolvimento de kits. Para tanto, amostras de tecidos neoplásicos e não-neoplásicos foram coletadas no Hospital Veterinário da Universidade Federal Rural da Amazônia. A extração do DNA foi realizada pelo método de fenol-clorofórmio e os fragmentos-alvo sequenciados. As análises estatísticas foram realizadas usando o Teste Exato de Fischer e Odds Ratio. Foram utilizadas 41 amostras de 24 animais distintos. Não foram encontradas alterações no gene COI. No entanto, para o gene CYTB foram encontradas 3 alterações: uma mutação (T>C), 1 polimorfismo (G>A) e outro (T>C), e para o ND1 foram encontradas 2 alterações (A>C e T>G). A região da Dloop apresentou oito alterações distintas em diferentes amostras. Apesar do número de alterações observado e de algumas alterações apresentarem um OR aumentado para o desenvolvimento de tumores, as análises estatísticas obtidas da comparação dos polimorfismos com as características histopatológicas dos animais não demonstraram ser significativas. Dessa forma, observamos uma tendência para utilização de algumas alterações como biomarcadores tumorais, apesar da ausência de significância que pode ser explicada pelo pequeno número amostral utilizado.