Efeito da temperatura da água sobre o desempenho, composição corporal e utilização do alimento em juvenis de curimba (Prochilodus lineatus, Valenciennes, 1836)
Aquicultura. Energia. Proteína, Fisiologia.
A região Norte do Brasil vem se destacando em relação a produção de peixes nativos, e o curimatã, espécies do gênero Prochilodus, é um dos principais peixes capturados na pesca e apresenta grande aceitação pelo mercado consumidor. O aumento da sua produção pode contribuir para a redução da sobrepesca e incrementar a produção oriunda da aquicultura. No que diz respeito ao ambiente, um dos principais fatores abióticos que interferem na viabilidade comercial da produção é a temperatura da água, haja vista que, esse fator pode alterar o metabolismo dos nutrientes, a composição da carne e a fisiologia do animal, com consequências diretas no desempenho, no ciclo de produção, e na disponibilidade do peixe para o consumidor. A espécie pertence a um gênero que possui registro nas bacias Amazônica, do Orenoco, das Guianas, São Francisco, Paraná-Paraguai, Rio da Prata e Paraíba do Sul, por isso em virtude dessa ampla distribuição, informações sobre o efeito da temperatura poderá ajudar a compreender os limites adequados para a criação da espécie. Deste modo, o presente estudo teve como objetivo avaliar o desempenho, a composição corporal e a utilização dos nutrientes e energia do alimento pelos juvenis de P. lineatus submetidos a quatro temperaturas de água. Os animais foram expostos as temperaturas de 22, 25, 28 e 31ºC por um período de 60 dias. Ao final do experimento, observou-se que não houve influência da temperatura para conversão alimentar, fator de condição, sobrevivência, proteína corporal, taxa de retenção em lipídio e ganho em lipídio. A temperatura que proporcionou o maior peso final, comprimento total, ganho em peso e taxa de crescimento específico foi 31°C. O teor de umidade foi superior nas menores temperaturas (22 e 25ºC) e o de lipídios e energia nas maiores temperaturas (28 e 31ºC). A taxa de eficiência energética e o ganho em energia foram superior nas menores temperaturas e a taxa de retenção proteica e o ganho em proteína foram superiores nas maiores temperaturas (28 e 31ºC). Dessa forma, conclui-se que a temperatura exerce efeito primordial no desempenho de juvenis de curimatã e esse efeito pôde ser observado na forma com que os animais utilizaram e depositaram os nutrientes e energia do alimento em seu corpo. Ainda, para um melhor desenvolvimento da espécie recomenda-se temperaturas entre 28 e 31ºC.