CARACTERIZAÇÃO DA PESCA ARTESANAL DE Macrobrachium amazonicum (HELLER 1862), COM PUÇÁ DE ARRASTO EM UM ESTUÁRIO TROPICAL AMAZÔNICO
Estuário, Carcinofauna Acompanhante, Ictiofauna Acompanhante, Bycatch, Colares.
A captura artesanal de camarões com o uso de puçá de arrasto é muito comum em regiões estuarinas no nordeste paraense e com essa modalidade de pescaria vêm às espécies acessórias, denominadas de fauna acompanhante, constituída de todos os indivíduos, de qualquer tamanho ou espécies, capturados em uma pescaria O presente trabalho objetiva-se estudar a bioecologia de crescimento do camarão-duro (Macrobrachium amazonicum) e a caracterizar a ictiofauna e carcinofauna acompanhante entre janeiro de 2012 a novembro de 2014, no estuário Guajará Mirim, Colares, Pará, Brasil. Em três estações de coletas - coordenadas geográficas: 1) S 00º 52' 55" e W 048º 09' 34"; 2) S 00º 52' 50" e W 048º 09' 38"; 3) S 00º 52' 41" e W 048º 09' 47". O apetrecho de pesca utilizado na captura dos indivíduos é um puçá de arrasto em formato de funil. Os animais coletados foram conduzidos para análise até o Laboratório de Ecologia Aquática e Aquicultura Tropical – LECAT, no Instituto Socioambiental e dos Recursos Hídricos – ISARH no campus da Universidade Federal Rural da Amazônia – UFRA, Belém, Pará, Brasil. Um total de 1.737 espécimes, 80% de machos e 20% fêmeas, com médias para espécie de 6,40 (cm) - Ct e 2,20 (g) – Wt para a espécie. O centro de classe 6 Ͱ 8 cm, contribuiu com mais de 50 % de machos capturados, as fêmeas com 61,54 %, na classe de 8 Ͱ 10 cm. A correlação de crescimento entre peso e crescimento foi forte e positiva com r > 0.9, tanto para pares agrupados, machos e fêmeas, com alometria positiva. A proporção sexual entre machos e fêmeas, anual de 5:1 (2012), 3.61:1 (2013) e 3.67:1 (2014). Para ictiofauna acompanhante, neste estudo foi capturado 11 ordens, 22 famílias, 36 gêneros e 45 espécies. A ordem perciformes (48,06%) com a predominância, a família Sciaenidae foi a abundante com 43,44%. O gênero Stellifer foi abundante, com 38,26%. o ano de 2014 representou 55% com 1832 espécimes, os anos de 2012 e 2013 com 28,70% (956 sp.) e 16,30% (543 sp.). A E3 obteve a maior frequência com 37.77 % (1258 ind.), seguida da E1 33.95 % (1131 ind.) e E2 28.28 % (942 ind.). A distribuição da ictiofauna nos menos chuvosos, para região estudada, com salinidade, caracterizou-se pelas espécies marinho-estuarina (G. luteus, O. Saurus, O. palometa) e temperatura, pH e OD, nos meses mais chuvoso (março e maio), com presença de espécies estuarino-dulcícola, S. microps, P. squamossisimus, Stellifer sp. No estudo da carcinofauna acompanhante as espécies Callinectes bocurti (Cb) e Farfantepenaeus subtilis (Fs) foram as constantes nas coletas, 72,22% e 61,11% respectivamente. Sendo F. subtilis a mais abundante e frequente. Entretanto, avaliando os parâmetros biológicos e físico-químicos ambientais levantados com esta pesquisa, admite-se que inexiste sustentabilidade nesta atividade pesqueira pelo fato de que o apetrecho de pesca utilizado nesta pesquisa é de nenhuma seletividade. Na pesca de arrasto do camarão-duro, com o apetrecho de peca puçá de arrasto na vila de Guajará Mirim, nordeste paraense, descarta-se toda a fauna acompanhante da espécie-alvo, incluindo espécies de valor comercial como as pescadas em geral, sardinhas, acaris, dentre outra, ficando somente com os crustáceos. Essa prática de pescaria, quanto mais frequente, pode alterar a estrutura desse ecossistema /dulcicola/estuarino/costeiro, colocando em risco a sustentabilidade, toda a comunidade biológica associada e região paraense.