ESTUDO DA CADEIA DE VALOR DA PESCA DO CAMARÃO-DA-AMAZONIA Macrobrachium amazonicum (HELLER, 1862) NOS MUNICIPIOS A JUSANTE DA UHE DE TUCURUÍ NO ESTADO DO PARÁ
Pescador artesanal, canais e margens de comercialização, custos de produção.
Na área de influência da Usina Hidrelétrica de Tucuruí (UHE Tucuruí) a pesca é uma atividade de elevada importância social e econômica para os municípios, esta atividade gera direta e indiretamente renda e ocupação para homens e mulheres, pescadores ou não. O presente estudo foi estruturado em três capítulos, com o objetivo de analisar aspectos econômicos e sociais da cadeia de valor da pesca do camarão-da-amazônia, na área a jusante da UHE Tucuruí, composta pelos municípios de Baião, Cametá, Limoeiro do Ajurú e Mocajuba. Os dados foram obtidos em setembro de 2017 a partir de 175 questionários aplicados entre os atores envolvidos na cadeia produtiva, do total de questionários aplicados 117 são pescadores artesanais moradores de comunidades tradicionais nesta pesca, e que foram indicados pelas associações de classe as quais fazem parte. Dos pescadores entrevistados 31,6% são mulheres o que mostra a significativa participação das mesmas na atividade que ainda é considerada por alguns como atividade masculina. Em média possuem de 40 a 49 anos de idade e em sua maioria (66,7%) possuem apenas o ensino fundamental incompleto. No aspecto econômico, os custos para produção do camarão in natura mostraram se elevados, cada quilo de camarão produzido na área a jusante da UHE é vendido em média por R$ 9,29 e custa ao pescador R$ 12, 61 quando se computa a remuneração com a mão de obra o que lhe causa perda de R$ 3,32 por cada quilo vendido. Quando se retira os custos com a mão de obra o valor fica em R$ 2,43, mostrando um aparente ganho de R$ 6,86 por cada quilo vendido, estes dados mostram que os fatores tradição cultural e falta de capacitação e oportunidades levam os pescadores a se manterem na atividade já que a mesma mostra-se economicamente inviável. Da produção de camarão a maior parte é consumida nos municípios de origem, o restante tem como destino os mercados dos municípios de Belém e Tucuruí. As informações obtidas levam a concluir que, de tudo que é gerado pela cadeia de comercialização do camarão-da-amazônia, o que realmente fica nos municípios de origem da produção chega a 60% no melhor cenário encontrado. No entanto este percentual não se traduz em vantagem real em decorrência ao baixo valor pago aos agentes locais e a cadeia longa que reduz as margens do pescador e eleva o valor final pago pelo consumidor. As informações técnicas geradas são de grande importância para dar suporte a ações diversas, como: elaboração de politicas públicas, ações de fortalecimento da cadeia produtiva e ordenamento pesqueiro.