DESVENDANDO O COMÉRCIO DE PEIXES NO NORDESTE PARAENSE
Amazônia Azul; Comercialização de peixes; Diversidade Ictiológica; Litoral Amazônico brasileiro.
A atividade pesqueira impacta os recursos aquáticos, sejam eles alvo ou não das modalidades
de pesca (fauna acompanhante), sendo uma ameaça global às espécies, sobretudo as
ameaçadas de extinção como no caso dos tubarões e raias. Mesmo os peixes sendo um
recurso de importância nutricional e econômica para a Amazônia brasileira, há uma
recorrente falta de dados sobre a captura e a composição das espécies comercializadas.
Principalmente nos casos em que: a) mais de uma espécie é comercializada com um único
nome popular; b) as espécies de peixes apresentam alta similaridade morfológica; c) os
peixes que apresentam baixo valor comercial e d) os peixes que são comercializados
descaracterizados (sem cabeça, nadadeiras, etc.) nos mercados, o que gera uma dificuldade
na identificação e mensuração destes. A problemática da pesquisa se encontra na falta de
dados sobre a dinâmica de comercialização de peixes na Mesorregião Nordeste Paraense.
Devido a recorrente falta de dados sobre essas capturas acompanhantes, um levantamento
cienciométrico realizado nas bases da Scopus, Scielo, Web of Science e Google Scholar sobre
a fauna acompanhante de tubarões e raias, resultou em 28 artigos científicos publicados em
21 periódicos. Listamos 28 espécies de tubarões e 14 espécies de raias citadas como
capturadas nos referidos artigos. Nota-se que o abastecimento dos pontos de comércio de
pescado se da via atravessadores ou direto dos pescadores, sendo originados de várias
localidades pesqueiras. Tanto para a estação seca, quanto para a chuvosa foram citados 17
peixes como os mais frequentes, dentre os 32 peixes mais frequentes ao longo do ano a Gó
(22,4%) e “Bandeirado” (9,2%) foram os principais. Registramos a presença de 43 espécies
de peixes ósseos comercializados, destas apenas três espécies foram identificadas até o nível
de gênero, devido à sua alta similaridade morfológica. Por outro lado, os peixes
cartilaginosos foram identificados em nível especifico em apenas duas espécies em função da
forma de venda como carcaças ou tipos de corte que dificulta a diagnose das espécies.
Identificamos ainda a presença de dois casos de homonímia, um de sinonímia e 12 nomes
comerciais totalmente locais. Notamos a predominância por peixes costeiros
comercializados nas cidades costeiras (71%) e nas não costeiras (66,6%), porém com um
aumento de peixes dulcícolas nas não costeiras, resultantes da sua facilidade logística.