Ulva fasciata como ingrediente em dietas para larvas de tilápia-do-Nilo Oreochromis niloticus.
Larvicultura. Nutracêuticos. Ulva fasciata.
Produções aquícolas de peixes tropicais costumam apresentar altos índices de
mortalidade na fase de larvicultura, pois as larvas apresentam estruturas anatômicas e
fisiológicas ainda em formação. O manejo e a adoção de tecnologia inapropriada podem
comprometer o rendimento das demais fases do ciclo, reduzindo a produtividade devido
às perdas no plantel e resultando em quantidade de juvenis menor que a planejada.
Além disso, uma larvicultura ineficaz tende a gerar animais de baixa qualidade, com
menores taxas de crescimento e mais susceptíveis a doenças. Em contraponto, um
manejo alimentar adequado, com dietas balanceadas, pode levar a uma melhoria na
produção dessas espécies, em termos qualitativos e quantitativos. Dessa forma, o
presente estudo teve como objetivo avaliar os efeitos da inclusão do farelo de alga seca
triturada da espécie Ulva fasciata como ingrediente em dietas formuladas na
larvicultura da tilápia-do-Nilo Oreochromis niloticus e, posteriormente, verificar a
sobrevivência e as respostas sanguíneas dos animais quando submetidos a situações de
estresse, no caso, exposição ao ar e choque osmótico. O experimento foi dividido em
duas fases (I e II) e teve duração total de 75 dias. O estudo foi realizado em
delineamento inteiramente casualizado, com seis tratamentos, níveis de inclusão do
ingrediente U. fasciata: 0, 2,5%, 5%, 7,5%, 10% e 12,5%. Ao final de ambas as fases
não houve diferença estatística para a sobrevivência. Ao final da Fase 1 (primeiros 30
dias de alimentação exógena), o aumento do nível de inclusão do farelo de U. fasciata
proporcionou uma diminuição no desempenho das larvas. Na Fase 2 não houve
diferença estatística para os parâmetros de desempenho avaliados e o fator de condição;
com exceção da TCE, que foi maior nos juvenis alimentados com as dietas contendo de
7,5 a 12,5% de inclusão do farelo de U. fasciata, em comparação aos tratamentos que
receberam as dietas contendo 0 e 2,5%. As dietas contendo os maiores níveis de
inclusão de U. fasciata proporcionaram os maiores níveis de glicose sanguínea em
comparação aos demais tratamentos. As médias de proteína e matéria mineral corporal
foram semelhantes entre os tratamentos. A concentração de umidade e lipídeos foram
diferentes e inversamente proporcionais entre os tratamentos. Nos testes de estresse, os
juvenis apresentaram aumento dos níveis de glicose logo após o estresse, e esses níveis
retornaram aos valores basais 24h após os testes. A inclusão de 5% do farelo de U.
fasciata levou a um menor aumento no nível de glicose sanguínea após a avaliação de
exposição ao ar. Ainda, a mortalidade foi superior após 96 h no tratamento em que os
peixes receberam 12,5% do farelo de U. fasciata. Dessa forma, conclui-se que as larvas
de tilápia podem ser alimentadas com dietas contendo até 5% de inclusão de U. fasciata
nos primeiros 30 dias de alimentação e 12,5% em uma segunda fase, de 31 a 75 dias. As
alterações dos níveis de glicose sanguíneas ao final do período de alimentação e nas
respostas aos manejos de estresse podem estar relacionadas às alterações
fisiológicas/homeostase proporcionadas pela inclusão do referido ingrediente e ao seu
potencial uso como promotor da saúde dos peixes. Isso deve ser melhor investigado no
futuro.