CARACTERÍSTICAS GEOQUÍMICAS DO FÓSFORO E SUAS ESPECIAÇÕES QUÍMICAS NOS SEDIMENTOS DO ESTUÁRIO DO FURO DO MURIÁ, REGIÃO AMAZÔNICA, BRASIL.
Matéria orgânica, granulometria, extração sequencial.
O acelerado crescimento das atividades urbano-industriais, nas últimas décadas, tem ocasionado o aumento do aporte de cargas poluentes para os ecossistemas aquáticos como rios, lagos, lagoas e estuários, sendo estes ambientes de grande valor para a manutenção da biodiversidade aquática. O ambiente estuarino, dessa forma, é definido como um corpo de água costeiro semifechado que tem uma ligação livre com o mar aberto e na qual a água do mar é mensuravelmente diluída pela água doce decorrente da drenagem continental. Dentre os nutrientes carreados para os estuários, o fósforo é um elemento associado à matéria orgânica que tem grande potencial de adsorção nos sedimentos das zonas estuarinas. Nesse sentido, este estudo objetiva determinar a distribuição espacial e sazonal das concentrações das espécies químicas: fósforo inorgânico não apatítico (PINA), fósforo apatítico (PA), fósforo inorgânico (PI), fósforo orgânico (PO), fósforo total (PT), da matéria orgânica, e granulometria nos sedimentos superficiais do estuário do Furo do Muriá, no município de Curuçá, a fim de avaliar a distribuição dessas variáveis ambientais na área de estudo e identificar se este ambiente sedimentar representa um potencial depósito de fósforo para a região. As amostras de sedimento foram coletadas com o uso de uma draga Ekman-Birge em quatorze pontos do Furo do Muriá nos meses Março, Junho, Setembro e Dezembro de 2015. Em cada mês foram coletadas quatorze amostras, uma para cada ponto, totalizando 56 amostras. No laboratório, as amostras foram processadas em triplicatas e os resultados expressos em µg.g-1 de fósforo, onde o teor de matéria orgânica (MO) foi obtido por gravimetria, as espécies de fósforo pelo método de Wiliams (1976), o fósforo total por Andersen (1976), e a granulometria pelo método clássico de Suguio (1973). As concentrações de fósforo variaram de 164,54 a 280,32 µg.g-1 para o PINA, de 63,02 a 102,80 µg.g-1 para o PA, de 227,21 a 378,61 µg.g-1 para o PI, de 30,33 a 135,88 µg.g-1 para o PO e de 257,54 a 507,73 µg.g-1 para PT, onde 88% de PT é constituído por PI. Os resultados estatísticos demonstraram que a sazonalidade não foi fator preponderante a influenciar às concentrações de fósforo. Considerando a classificação de condições para os sedimentos do estuário, afirma-se que as concentrações de fósforo total encontradas ainda não representam riscos de deterioração ambiental.