HIDRATAÇÃO ENTERAL EM BUBALINOS NEONATOS: AVALIAÇÃO DE SOLUÇÕES ELETROLÍTICAS ADMINISTRADAS POR SONDA NASOGÁSTRICA EM FLUXO CONTÍNUO
Bubalinos. Hidratação. Desidratação.Eletrólitos
A reposição de fluido e eletrólitos é um método terapêutico empregado e imprescindível na clínica de ruminantes que tem por objetivo a recomposição da volemia e da homeostase (ROUSSEL, 1999). A perda significativa ou excessiva e não compensada de água corporal leva à desidratação que pode ocorrer em uma série de circunstâncias clínicas como: poliúria, vômitos, diarreias, hemorragias, disfagia ou qualquer interferência no consumo hídrico (CARLSON, 1993).
Os sinais clínicos para avaliar a desidratação em ruminantes são subjetivos. Entretanto, a diminuição da elasticidade da pele, enoftalmia e, em casos intensos, a a diminuição da temperatura das extremidades corpóreas são consideradas confiáveis (ROUSSEL, 2004). Além dos sinais clínicos, a desidratação pode ser avaliada por meio de análises laboratoriais em que se detecta aumento do hematócrito, da concentração plasmática de proteína, de íons e da densidade da urina.
Independente do distúrbio e dos meios diagnósticos, a correção da desidratação é feita por meio da hidratação, indicada para restaurar a perfusão celular e as funções celulares, corrigindo desequilíbrios eletrolíticos e de ácido-‐base, e o volume dos líquidos. É necessário planejá-‐la racionalmente para que se possa suprir e antecipar as deficiências específicas do paciente, que podem mudar ao longo do tratamento (SPIERS et al., 1993).
As vias de administração de fluidos, comumente utilizadas, são a intravenosa e a oral. A via oral ou enteral é uma forma fisiologicamente segura para se administrar fluidos, pois a mucosa do trato gastrintestinal atua como uma barreira seletiva natural para absorção, não exigindo fluidos estéreis e de composição finamente ajustada (LOPES, 2002). Na via enteral clássica a sonda é introduzida via orogástrica, por isso a sonda deve ser introduzida e retirada a cada administração, para evitar que a mesma seja mastigada pelo animal, o que aumenta o risco de lesões na mucosa do esôfago e da faringe, e impossibilita a infusão lenta e contínua de fluido. Além disso, o animal precisa ser contido a cada reintrodução da sonda, o que o expõe várias vezes ao estresse da contenção (RIBEIRO FILHO et al., 2009).
Uma alternativa para administração de fluidos é a via nasogástrica, com o emprego de sonda de pequeno calibre (SMITH E SHERMAN, 1994). O uso desta técnica, empregada com sucesso em equinos (AVANZA et al., 2009), permite que os animais sejam mantidos em baias sem contenção enquanto a hidratação é administrada continuamente sendo seguro
permitir o acesso a alimentos, enquanto outras sondas de calibre maior iriam interferir com a deglutição (RIBEIRO FILHO et al., 2009). Além disso, não há necessidade de reintroduções frequentes da sonda, o que reduz o risco de lesões no esôfago e na faringe e diminui o número de vezes em que o animal precisa ser contido, minimizando o estresse devido ao tratamento.
As vantagens da aplicação enteral são inúmeras quando comparada com o uso intravenoso. Destacam-‐se as vantagens do uso das soluções infundidas por sondas nasogástrica: as soluções podem ser utilizadas sem necessidade de ser estéril apirogênica, o risco de contaminação e sépsis praticamente é nulo por não haver conduta invasiva; os pacientes não necessitam imobilização ou contenção, uma vez sondado é liberado, deixando o animal na baia livre para comer, beber e deitar à vontade, diminuindo o estresse; pela mesma sonda pode ser infundido soluções e medicamentos dissolvidos ou separados; os custos financeiros são consideravelmente diminuídos, já que as soluções poderão ser feitas na própria fazenda conforme critério médico; a sondagem é fácil de ser realizada (GOMES, 2010). Em alguns casos pode ser associado as vias enteral e parenteral com resposta eficaz (RIBEIRO FILHO et al., 2005).
Poucas soluções comerciais são adequadas para a maioria dos ruminantes que necessitam de hidratação. A composição mais adequada para estes animais é desconhecida, entretanto estas soluções devem conter sódio, cloreto, potássio, cálcio, magnésio, fosfato e uma fonte de energia (CONSTABLE, 2003).
Destarte, o principal desafio na correção dos desequilíbrios hidroeletrolíticos e ácido-base em ruminantes por via oral é a elaboração de protocolos de tratamentos práticos, eficazes e baratos para a recomposição da volemia e da homeostase desses animais. Apesar das vantagens da via nasogástrica para administração de fluidos, não são encontrados na literatura resultados de experimentos utilizando esta via em bubalinos. Além dos tipos de soluções eletrolíticas enterais, a taxa de infusão para os animais dessa espécie também não foi determinada, fazendo-‐se necessário o estudo dos efeitos da hidratação enteral por via nasogástrica em bubalinos.