ENRIQUECIMENTO PROTEICO DA CASCA DE MANDIOCA PARA USO NA ALIMENTAÇÃO ANIMAL
alimentos não convencionais, Manihot esculenta, proteico, enriquecimento
No cenário mundial atual, a atividade pecuária precisa se tornar cada vez mais sustentável, o que envolve uma produção mais eficiente e viável tanto econômica quanto ambientalmente. A casca de mandioca é um derivado com alto potencial para o desenvolvimento de fontes alternativas de proteína bruta de baixo custo para a alimentação animal através do processo de enriquecimento. Objetivou-se avaliar o efeito da aeração, pH, uso de levedura e quantidade de ureia, no enriquecimento por fermentação mista da casca de mandioca e seus impactos sobre a composição química, fracionamento de carboidratos e proteína e custo dos nutrientes. Foram conduzidos dois experimentos para melhor compreensão dos fatores estudados. Ambos seguiram um delineamento experimental inteiramente casualizado (DIC) em esquema fatorial 2×2, com 6 repetições, totalizando 24 unidades experimentais. No primeiro experimento, os fatores estudados foram alterações metodológicas, sendo o primeiro fator a aeração do meio (com e sem aeração) e o segundo fator a correção de pH do meio (com e sem correção). No segundo experimento, o primeiro fator foi a presença de inóculo (com levedura e sem levedura) e o segundo fator a dose de ureia sendo elas 120g/kg casca de mandioca (dose normal) e 60g/kg casca de mandioca (meia dose). Para o processo de enriquecimento em ambos os experimentos, foram confeccionadas placas de papelão de 50×50 cm, revestidas com lona plástica, para servirem como bandejas de fermentação. Após a aplicação da solução enriquecida na casca de mandioca, o material permaneceu por 3 dias secando à sombra, seguido de 2 dias de secagem ao sol. Após o período de fermentação e secagem, amostras foram coletadas para análise da composição química. Os dados foram submetidos à análise de variância (ANOVA) para testar os efeitos dos fatores principais e a interação entre eles. Em caso de interação significativa, foi aplicado o teste de Tukey (p < 0,05). No Experimento 1, observou-se interação entre os fatores para as variáveis matéria mineral (MM), fibra em detergente neutro (FDN) e extrato etéreo (EE). O maior valor de MM foi de 6,46 g/kg de MS, o de FDN foi de 15,48 g/kg de MS e o de EE foi de 1,44 g/kg de MS, todos na casca enriquecida que foi aerada e teve seu pH corrigido. Para as variáveis matéria seca (MS) e proteína bruta (PB), apenas o fator aeração apresentou significância, com os maiores valores observados na casca enriquecida que foi aerada 918,10 g/kg para MS e 585,45 g/kg MS para PB. No experimento 2, houve interação entre os fatores apenas para a variável MS, com o maior valor observado na casca enriquecida inoculada com levedura e que recebeu meia dose de ureia (907,60 g/kg). Para as variáveis MM e PB, houve efeito apenas dos fatores principais, as cascas enriquecidas com levedura apresentaram a maior concentração de MM e PB, 56,10 e 426,95 g/kg MS respectivamente, para a quantidade de ureia utilizada as maiores concentrações de MM e PB foram de 53,90 e 474,70 g/kg MS para as cascas enriquecidas com meia dose e dose normal respectivamente. Para a FDN, apenas a presença de levedura teve efeito significativo, com o maior valor de 145,30 g/kg de MS nas cascas enriquecidas inoculadas com levedura. Para o EE, apenas a dose de ureia influenciou, com o maior valor de 8,85 g/kg MS observado nas cascas enriquecidas com dose normal de ureia. Os resultados parciais evidenciam que a aeração causa grande impacto no teor de proteína e que a correção de pH não afeta a concentração de proteína da casca de mandioca. Além disso, observamos que a dose de ureia impacta mais o teor de proteína do que a presença da levedura no processo de enriquecimento da casca de mandioca sem aeração.