ACEITAÇÃO ALIMENTAR DE FRUTAS POR MUÇUÃ (Kinosternon scorpioides, Linnaeus, 1766) EM CATIVEIRO
ANIMAIS SILVESTRES; QUELONICULTURA; FAUNA.
Os quelônios têm desempenhado, historicamente, um papel importante como recurso natural para alimentação humana na região Amazônica, entre eles destaca-se a espécie Kinosternon scorpioides, o muçuã. Este é um quelônio semi-aquático de água doce encontrado nesta região que possui hábito alimentar onívoro. Devido à carência de pesquisas sobre alimentação dessa espécie em cativeiro o presente trabalho teve como objetivo avaliar a aceitação e preferência de frutas por Kinosternon scorpioides, bem como descrever o comportamento alimentar do mesmo, em cativeiro. O estudo foi conduzido entre janeiro e abril de 2017, no Criadouro Científico do Projeto Bio-Fauna/ ISARH-UFRA. Foram utilizados 36 muçuãs, 18 na fase de engorda (400g – 500g) e 18 em fase de cria (50g – 100g), com peso inicial médio de 438g (±16,22g) e 84g (±16,11g). Os animais foram alojados, em caixas de polietileno de 56,5 cm X 39,0 cm X 19,0 cm com 60% da área alagada e 40% de área seca, com 3 animais por caixa. Para avaliação da preferência alimentar foram utilizados polpas de frutas in natura, classificados em regionais e não regionais amazônicas (não necessariamente consumidos na natureza em vida livre): cupuaçu (Theobroma grandiflorum), pupunha (Bactris gasipaes Kunth), taperebá (Spondias mombin L.), bacuri (Platonia insignis Mart.) e ingá (Inga edulis); acerola (Malpighia emarginata), goiaba (Psidium guajava), carambola (Averrhoa carambola), tomate (Solanum lycopersicum), manga (Mangifera indica L), melão (Cucumis melo L.), graviola (Annona muricata) e jambo (Syzygium jambos). Cada fruta foi oferecida em unidade de alimento/animal, durante o tempo de 50 minutos e o monitoramento da preferência alimentar foi feito com o auxílio de câmeras filmadoras. Pôde-se observar que os animais do grupo cria foram os que consumiram uma porcentagem maior de frutas regionais (61%), quando comparados com o grupo engorda que consumiram 55% das mesmas frutas. Dentre as frutas ofertadas, foi possível observar um maior consumo de pupunha, melão, uxi, por ambos os grupos. As frutas regionais amazônicas tiveram grande aceitação pelos animais onde a pupunha obteve um maior destaque (94,44%). Durante o período experimental as fases do comportamento alimentar observadas nos animais foram: olfação, forrageio, aproximação, apreensão, dilaceração e ingestão, considerado potencialmente estereotipado, o que leva a crer que, em condições adequadas de cativeiro, o padrão comportamental é pouco alterado.