Banca de DEFESA: GABRIELA MERCEDES ULLOA URIZAR

Uma banca de DEFESA de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : GABRIELA MERCEDES ULLOA URIZAR
DATA : 30/08/2023
HORA: 08:00
LOCAL: Sala virtual
TÍTULO:

EPIDEMIOLÓGIA MOLECULAR DE PLASMODIUM SPP. NA INTERFACE HOMEM - VIDA SILVESTRE NA AMAZÔNIA PERUANA


PALAVRAS-CHAVES:

Zoonose, malária, Plasmodium, antropozoonose, reservatórios, população indígena, Amazônia, One Health


PÁGINAS: 160
RESUMO:

A malária continua sendo uma das doenças infecciosas mais importantes para a saúde pública. Os esforços globais para reduzir a malária fizeram com que a incidência global de casos caísse de 8,2% em 2000 para 5,9% em 2021. No entanto, a importância das espécies de parasitas implicadas na malária zoonótica está crescendo. Atualmente, o Plasmodium knowlesi, um parasita zoonótico, está causando altas prevalências de malária no sudeste da Ásia. Foram relatadas infecções naturais de seres humanos por duas espécies zoonóticas endêmicas, Plasmodium brasilianum (morfologicamente, geneticamente e imunologicamente indistinguível do Plasmodium malariae) e Plasmodium simium (quase indistinguível do Plasmodium vivax) na América do Sul. Na Amazônia, as populações rurais, ribeirinhas e indígenas geralmente vivem em áreas geográficas onde a malária é endêmica e com uma alta riqueza de biodiversidade de vida selvagem. Essa ligação ecológica, na presença de vetores competentes, promove a existência de possíveis cenários de transmissão antropozoonótica da malária, tornando-se focos silenciosos que ameaçam o controle da malária. Portanto, o objetivo do presente estudo é determinar a epidemiologia das espécies de parasitas relacionadas à malária zoonótica e sua possível radiação adaptativa a hospedeiros vertebrados não humanos na interface homem-vida selvagem na Amazônia peruana. METODOLOGIA: Entre 2007 e 2020, na comunidade indígena Yagua de Nueva Esperanza, localizada na fronteira entre o Peru e o Brasil, foi realizado um estudo epidemiológico molecular que incluiu uma análise transversal em indivíduos da comunidade local e uma análise retrospectiva na vida selvagem. Em fevereiro de 2020, foram coletadas amostras de sangue total de 141 moradores e, em um período de 11 anos (2007 - 2015 e 2019 - 2020), foram coletadas amostras de sangue em papel de filtro de 1053 indivíduos da vida selvagem (343 primatas não humanos -PNH-, 341 roedores grandes, 250 ungulados, 71 edentados e 48 carnívoros) da caça de subsistência pela população local. A PCR aninhada (nPCR), que tem como alvo o gene cox3, e a PCR em tempo real (qPCR), que tem como alvo o gene 18S rRNA, foram usadas para identificar as espécies de parasitas da malária. Para determinar a diversidade de parasitas Plasmodium em hospedeiros vertebrados humanos e animais selvagens, foi usada a nPCR visando o gene mitocondrial cytb. Por fim, foi realizada uma análise filogenética usando sequências moleculares de amostras positivas. RESULTADOS: A prevalência geral de Plasmodium spp. foi de 51,9%, 178/343 em PNH; 43,3%, 61/141 em humanos; 20,8%, 52/250 em ungulados; 12,5%, 6/48 em carnívoros; 10,3%, 35/216 em roedores maiores e 0,0%, 0/71 em edentados. Em termos de parasitas da malária, P. vivax/simium foi identificado como a espécie mais prevalente em humanos (36,2%, 51/141), PNH (14,9%, 51/343) e roedores maiores (1,5%, 5/341), e P. brasilianum/malariae em PNH (19,01%, 65/342) e humanos (4,3%, 6/141). Os PNH e os humanos compartilham linhagens idênticas de parasitas da malária, incluindo P. falciparum (1,5%, 2/141 em humanos e 0,3%, 1/343 em HNP). Além disso, foram identificadas cinco novas linhagens de Plasmodium; uma delas zoonótica, chamada Plasmodium spp. Tipo I, foi encontrada em ungulados (9,6%, 24/250), PNH (5,3%, 18/343), humanos (5,0%, 7/141), roedores maiores (4,1%, 14/341), roedores domésticos (2,2%, 1/45) e carnívoros (2,1%, 1/48). Duas das linhagens foram encontradas na vida silvestre, mas não em humanos; Plasmodium spp. Tipo II foi identificado em PNH (5,0%, 17/343), carnívoros (2,1%, 1/48) e ungulados (1,2%, 3/250) e Plasmodium spp. Tipo III em carnívoros (2,1%, 1/48), ungulados (0,8%, 2/250), roedores maiores (0,6%, 2/216) e PNH (0,3%, 1/343). As duas últimas linhagens foram encontradas apenas em ungulados da espécie Mazama americana: Plasmodium spp. tipo IV (2,0%, 5/250) e tipo V (0,8%, 2/250). Apenas 6,0% (3/50) dos moradores positivos para malária relataram febre. Devido à correlação entre a parasitemia e os valores de limiar do ciclo qPCR (CTs), observou-se que a parasitemia de P. vivax/simium em humanos era muito baixa (Ct 31,2± 4,7) e em PNH quase indetectável. Além disso, a parasitemia da malária na PNH é significativamente menor (Ct 32,9 ± 3,1) do que em humanos. CONCLUSÃO: A análise filogenética das espécies de malária entre humanos e PNH sugere a presença de infecções antropozoonóticas adquiridas naturalmente entre as populações humanas locais. A nova linhagem, Plasmodium spp. Tipo I, presente em humanos e na vida silvestre, forma um clado monofilético que compartilha um ancestral comum com linhagens conhecidas de malária humana, mas representa um clado irmão do P. falciparum. A alta prevalência de parasitemia assintomática e baixa encontrada em humanos é indicativa de imunidade adquirida devido ao tipo de infecção causada pela espécie P. vivax. Da mesma forma, a parasitemia muito baixa e quase indetectável em PNH silvestres é uma evidência de sua capacidade como reservatórios de malária. A interface homem-vida silvestre representa um reservatório natural de parasitas da malária e uma transmissão eficaz entre espécies, cujo impacto sobre a doença exigirá avaliação e monitoramento.


MEMBROS DA BANCA:
Externa à Instituição - ALESSANDRA NAVA
Externo à Instituição - ALESSANDRA SCOFIELD AMARAL
Externo ao Programa - 1111612 - JOSÉ LEDAMIR SINDEAUX NETO
Interna - 2308115 - MICHELE VELASCO OLIVEIRA DA SILVA
Interno - 742.439.501-72 - PEDRO GINÉS MAYOR APARICIO - UNIBARCELONA
Interno - 388501 - WASHINGTON LUIZ ASSUNCAO PEREIRA
Notícia cadastrada em: 14/08/2023 10:15
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