USO DE CÉLULAS-TRONCO MESENQUIMAIS DE TECIDO ADIPOSO EM MODELO EXPERIMENTAL DE ESCLEROSE MÚLTIPLA A PARTIR DE CÃES PORTADORES DE CINOMOSE
Células-tronco, Cinomose, Desmielinização, Esclerose Múltipla
Devido às similaridades morfológicas das alterações neuropatológicas da leucoencefalite desmielinizante induzida pelo vírus da cinomose, com a esclerose múltipla em humanos, a cinomose em cães em fase neurológica tem representado uma das poucas ocorrências espontâneas para o estudo da patogênese da perda de mielina, associada às doenças imunomediadas. Assim, objetivou-se avaliar a segurança e eficácia do transplante autólogo de células-tronco mesenquimais derivadas do tecido adiposo (CTMTA) para a recuperação de sequelas neurológicas em cães naturalmente infectados com o vírus da cinomose. Foram utilizados quatro cães provenientes da rotina do Setor de Clínica Médica do Hospital Veterinário "Prof. Mário Dias Teixeira" da Universidade Federal Rural da Amazônia - UFRA, sob aprovação pela Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA/UFRA) protocolo nº 053/2015, os quais foram diagnosticados com cinomose e que após tratamento das manifestações sistêmicas, mantiveram sequelas neurológicas de caráter permanente. Foi estabelecido um total de três aplicações de CTMTA, com intervalos de 30 dias, na dose de 10x106 cels/mL pela via intra-arterial. A coleta do tecido adiposo foi realizada por meio de lipectomia e as células isoladas por digestão enzimática. Foram cultivadas em Dulbecco's Modified Eagle Medium Ham's e F12 Nutrient Mixture na mesma proporção suplementado com 20% de soro fetal bovino, em estufa a 37ºC, com 5% de CO2 e posteriormente avaliadas quanto à viabilidade, morfologia, proliferação, plasticidade, imunofenotipagem e estabilidade cromossômica. Os procedimentos realizados permitiram fácil isolamento e expansão das células, mantendo alta viabilidade e padrão morfológico ao longo do cultivo, potencial de diferenciação na linhagem osteogênica e imunofenotipagem característica de células-tronco mesenquimais. O acesso e infusão das CTMTA pela via intra-arterial mostrou-se seguro e sem reações sistêmicas imediatas, observando-se resultados promissores mediante avaliação neurológica 30 dias após a segunda aplicação.