MORFOLOGIA COMPARATIVA DO CORAÇÃO DE Phalacrocorax brasilianus E
Anhinga anhinga
Anhingidae; biguá; biguatinga; esqueleto cardíaco; Phalacrocoracidae.
Phalacrocorax brasilianus, também conhecido como corvo-marinho neotropical ou biguá, é
uma ave pertencente à ordem Suliforme da família Phalacrocoracidae. A espécie apresenta
ampla distribuição geográfica, estendendo-se do Sul dos Estados Unidos até o extremo sul da
América do Sul. Já o Anhinga anhinga, popularmente denominado biguatinga, é uma ave
integrante da ordem Suliforme da família Anhingidae, que ocorre predominantemente na
América do Sul, notadamente no território brasileiro, propagando-se ainda pela América
Central e Sul da América do Norte. Ambas as espécies demonstram hábitos aquáticos e são
classificadas, internacionalmente, na categoria de “menor preocupação” quanto ao risco de
extinção. Desse modo, o presente estudo teve como objetivo geral realizar a análise morfológica
cardíaca comparativa do biguá e da biguatinga, por meio da avaliação macroscópica e
microscópica, evidenciando os tecidos que compõe o esqueleto cardíaco, além de reproduzir
imagens em 3D dos corações para estudos anatômicos. Para esse fim, foram analisados 13
corações de espécimes adultos, sendo sete de Phalacrocorax brasilianus provenientes da
Reserva Extrativista da Marinha do Município de Soure, Pará, Brasil, e doados ao Laboratório
de Histologia e Embriologia Animal (LHEA) e Laboratório de Pesquisa Morfológica Animal
(LaPMA) da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) e seis de Anhinga anhinga que
foram preservados e doados após óbito por causas naturais ao LHEA da UFRA e reaproveitados
no LaPMA da UFRA. Inicialmente, desempenhou-se a fotodocumentação in situ e ex situ do
material de interesse, posteriormente, os tecidos foram processados para Microscopia de Luz e
Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV). Com relação aos principais resultados obtidos,
macroscopicamente, ambas as espécies demonstraram apresentação distinta das valvas
atrioventriculares: a esquerda, com duas cúspides fixadas às cordas tendíneas, e a direita, com
apenas uma projeção muscular fixada à parede do ventrículo direito e ao septo interventricular.
Ademais, a aorta apresentou desvio evidente para direita e os troncos braquicefálicos direito e
esquerdo assumiram formato de “V”, originando-se a partir do arco aórtico direito.
Histologicamente, os corações do biguá e da biguatinga exibiram ampla disposição de fibras de
Purkinje estando imediatamente adjacentes às fibras musculares cardíacas, bem como a
presença notável de cartilagem hialina na aorta. Portanto, com base nas análises morfológicas
das duas espécies, confirmou-se que essas particularidades evidenciadas estão presentes em
ambos os exemplares.