Caracterização das variedades de cafés ancestrais cultivados em sistemas agroflorestais de quintais no nordeste paraense
Sistemas Agroflorestais e Biodiversidades; Café Ancestral; Caracterização das Espécies; Ancestralidade do Café
O café (Coffea arábica L.)é uma cultura agrícola tratada com destaque no cenário mundial, classificada como uma das commodities mais negociadas, sendo matéria prima da segunda bebida mais consumida no mundo, depois da água. Tal é a importância a nível mundial que os dados da Organização Internacional do Café apontam que a produção no mundo, entre outubro de 2021 e setembro de 2022, foi de 170,83 milhões de sacas. Estes números revelam o impacto econômico da cultura do café e demonstram que seu consumo afeta sobremaneira o setor econômico global. Nesse sentindo, surge um café ancestral que remonta a chegadas das primeiras plantas de café no Brasil, atualmente essas plantas apresentam-se produzindo café em pequena escala, como acontece no município de Irituia. O pioneirismo do estado do Pará, na produção cafeeira no século XIX, promoveu uma corrida que disseminaria as plantas de café nos municípios do Estado. Essa disseminação fez do Pará o primeiro exportador, enviado café de Belém para Portugal no ano de 1732. A corrida cafeeira aconteceu em localidades próximas aos rios e, nesse contexto, os rios Capim e Guamá foram importantes para propagação do fruto da família botânica Rubiaceae nas áreas das quais fazem parte os municípios Irituia, São Domingos do Capim, Ourém, Capitão Poço, Mãe do Rio e São Miguel do Guamá, que atualmente apresentam características agrícolas. O declínio da produção cafeeira na região foi proporcionado pela dificuldade de adaptação ao clima e pelo ciclo da borracha, isso permite inferir que as variedades de café remanescentes nas regiões do Estado podem manifestar características condescendente ao clima quente como as espécies Coffea canephora e C. liberica, sendo que não existem narrativas sobre a produção de café liberiano no cenário nacional. Nesse contexto, entende-se que há necessidade de caracterizar os cafés produzidos em sistemas agroflorestais nesses municípios, por contribuírem para a manutenção da floresta e reconhecimento desse café ancestral que resiste ao tempo, destacando a possibilidade de um produto inovador que possa agregar valor ao sistema no qual está sendo cultivado, além de manifestarem características adaptativas ao clima, importante no contexto de mudanças climáticas e desmatamento vivenciado na Amazônia. Diante disso, o objetivo do trabalho é caracterizar as espécies de cafés ancestrais cultivados em sistemas agroflorestais nos municípios da microrregião do Guamá e suas relações com o ambiente. O estudo tem como método coletar amostras de plantas de café para preparação de exsicatas no herbário IAN para caracterizar as plantas taxonomicamente, por conseguinte, estão sendo feitas coletas de solo e medições de altura e diâmetro por inventários nas áreas agroflorestais aonde se encontra o café ancestral.