RELAÇÃO ENTRE AS ATIVIDADES PRODUTIVAS E A CONSERVAÇÃO DOS REMANESCENTES FLORESTAIS EM PROPRIEDADES RURAIS NA AMAZÔNIA ORIENTAL
degradação florestal, Amazônia, agricultura permanente, Cadastro Ambiental Rural
As características das propriedades rurais e da paisagem, incluindo o tipo de uso do solo, podem ser preditores do grau de integridade da vegetação nativa remanescente. Contudo, as inter-relações entre as atividades produtivas e a conservação dos remanescentes florestais na Amazônia ainda são pouco compreendidas. Este estudo teve como objetivo avaliar se o tipo de uso do solo e as características específicas das propriedades rurais particulares influenciam no grau de integridade dos remanescentes florestais na microrregião do Guamá, no nordeste paraense, que possui 13 municípios. Para isso, foram mapeadas as áreas culturas permanentes e de florestas, integrando esses dados com as informações do Projeto de Mapeamento Anual do Uso e Cobertura da Terra no Brasil (MapBiomas). Utilizamos três variáveis como proxi para a integridade das florestas nativas: o Normalized Difference Infrared Index (NDII), calculado com base em imagens Landsat, a altura e a biomassa acima do solo calculados com base em informações do Global Ecosystem Dynamics Investigation (GEDI). Sete principais preditores foram incluídos na análise: a) TPR - o tamanho da propriedade rural; b) %AGRI - a proporção da propriedade rural ocupada por agricultura permanente; c) FOR - a área de vegetação nativa na propriedade rural; d) %FOR - a proporção da propriedade rural ocupada por vegetação nativa; e) %FP - percentual de floresta na paisagem; f) FIRE – número médio de vezes que o fragmento de floresta na propriedade foi queimada entre 1985 e 2022; g) IVEG - idade média dos fragmentos. Os resultados indicaram quatro preditores como importantes para explicar a variação de Biomassa acima do solo (Mg/ha) dos fragmentos florestais nas propriedades (%FOR, FIRE, IVEG, log_TPR), com explicação de 10% de variação observada (r² = 0,10; p<0,05). Todos os preditores foram relevantes para explicar a variação da altura nos fragmentos, com explicação de 28% destas variáveis (r² = 0,28; p<0,05). No caso do NDII, todos preditores também foram significativos, explicando 13% da variação nos dados (r² = 0,03; p<0,05). Esses achados destacam a importância de considerar a complexidade das interações entre o uso do solo e as características das propriedades rurais para a conservação dos remanescentes florestais na Amazônia. Essa pesquisa contribui para o entendimento das dinâmicas ambientais e fornece subsídios para políticas e práticas voltadas à sustentabilidade e preservação da Amazônia Oriental.