SUPRIMENTO DE POTÁSSIO COMO MITIGADOR NOS EFEITOS DO DÉFICIT HÍDRICO EM ESPÉCIES FLORESTAIS AMAZÔNICAS
Mudanças climáticas. Parâmetros fisiológicos. Ecofisiologia. Nutrição florestal.
O aumento da mortalidade de árvores devido aos eventos de secas extremas na Amazônia tem causado uma significativa degradação florestal e redução dos estoques de carbono. A capacidade de as plantas resistirem ao estresse hídrico está principalmente ligada as características hidráulicas das espécies, como a margem de segurança hídrica e suas características fenotípicas. Contudo, alguns estudos sugerem que os nutrientes presentes no solo podem exercer um papel de modulador das respostas das plantas ao estresse hídrico. Dentre eles temos o K é um cátion fundamental para as plantas, sendo um dos elementos mais demandados por elas. Apresenta uma ampla redistribuição nos tecidos vegetais pela sua alta mobilidade e desempenha funções energética, de translocação e armazenamento de assimilados, além de exercer a função de manutenção da água nos tecidos vegetais. Com isso, o objetivo do trabalho foi avaliar as respostas morfofisiológicas de duas espécies arbóreas nativas da Amazônia (jatobá e fava orelha) plantas submetidas à adubação potássica e à restrição hídrica. Estudamos duas espécies arbóreas nativas da Amazônia, uma de crescimento rápido (Enterolobium schomburgkii) e outra de crescimento lento (Hymenaea courbaril). O delineamento utilizado foi um fatorial (2 X 2 X 4), duas espécies, duas condições hídricas (Condição de irrigação adequada e déficit hídrico), 4 doses de K (0, 50, 100 e 200 mg/dm3), totalizando 8 tratamentos com 12 repetições, totalizando 192 plantas. Foram avaliadas, altura, diâmetro, número de folhas e a razão altura/diâmetro. Também foram analisadas, as trocas gasosas, traços funcionais, concentração e acúmulo de K e a eficiência do uso de K. O crescimento em altura e diâmetro foi maior para tratamentos com maior concentração de K, sendo as plantas destes tratamentos menos afetadas pelo estresse hídrico. No geral, maiores concentrações de K reduziram a transpiração das plantas e aumentaram a eficiência de uso da água. Plantas de E. schomburgkii em tratamentos com maiores níveis de K e sob estresse hídrico apresentaram significativo aumento na eficiência de uso da água. Os tratamentos de K e o déficit hídrico afetaram significativamente os traços funcionais foliares, mas com variação entre as espécies estudadas. A área foliar foi menor para tratamentos com maiores doses de K para E. schomburgkii, com efeito oposto para H. courbaril. Houve redução do SLA para tratamentos com maiores doses de K para E. schomburgkii, e aumento do SLA para plantas sob déficit hídrico para H. courbaril. Nossos resultados indicam importante papel da concentração de K no solo sobre a taxa de transpiração e eficiência de uso da água, principalmente para E. schomburgkii, uma espécie de crescimento rápido, indicando que variações na disponibilidade de nutrientes influenciam a fisiologia das árvores e sua capacidade de resistir a secas extremas. O avanço no conhecimento sobre estes processos pode ajudar em ações de conservação e estratégias de manejo que promovem a resiliência das florestas tropicais diante das mudanças climáticas.