COMPREENDENDO OS EFEITOS DA SEGREGAÇÃO DE MADEIRAS RESIDUAIS DA AMAZÔNIA BRASILEIRA SOB A QUALIDADE E COMBUSTIBILIDADE DO CARVÃO VEGETAL
biomassa residual, heterogeneidade, agrupamento de espécies, química imediata, análises térmicas, autocombustão.
Embora os resíduos madeireiros do manejo florestal sustentável seja uma alternativa promissora para o abastecimento da produção de carvão vegetal na Amazônia Brasileira, essa biomassa e o carvão derivado apresenta qualidade heterogênea. A segregação das madeiras já se mostrou uma alternativa importante para o aumento da produtividade e rendimento em carvão vegetal na unidade produtora, pois promove a homogeneização da matéria prima enfornada. Contudo, esse estudo visa estudar os efeitos da segregação dos resíduos madeireiros sob a qualidade, combustibilidade e ocorrência da autocombustão em carvões vegetais produzidos em fornos de alvenaria no Estado do Pará. O estudo da qualidade do carvão foi baseado nas propriedades físicas (densidade relativa aparente e umidade), mecânicas (friabilidade), química (conteúdos de carbono fixo, materiais voláteis e cinzas) e energéticas (poder calorífico superior e densidade energética). Os parâmetros analisados na combustão foram: temperatura de ignição, temperatura de burnout, temperatura máxima, taxa máxima de combustão, taxa média de combustão e tempo de ignição. O índice característico da combustão, índice de ignição e o índice de inflamabilidade foram os índices estudados. O estudo revelou que a segregação de madeiras residuais culminou na elevação da qualidade do carvão vegetal produzido nos fornos de alvenaria, especialmente quanto a densidade relativa aparente, friabilidade, teor de cinzas, teor de carbono fixo, poder calorífico superior e densidade energética. O grupo 1, formado por carvões de galhos da espécie D. excelsa, apresentou os melhores valores de densidade (0,737 g cm-3), teor de cinzas (1,20%), poder calorífico (28,9 MJ kg-1) e densidade energética (21,3 MJ m-3). Em contraste, a carbonização convencional se mostrou muito variável, com carvões mais friáveis e menos resistentes. Dois grupos de carvões não apresentaram autocombustão (1 e 4), o que demonstra que a segregação pode reduzir a incidência de combustão espontânea do carvão vegetal. Por outro lado, os carvões tradicionais entraram em autocombustão. Os grupos 1, 2 e 4 apresentaram as melhores temperaturas de ignição (379,72°C, 365,98°C e 367,67°C), temperaturas de burnout (547,23°C, 533,15°C e 545,15°C), temperaturas em que ocorre maior perda de massa (515,43°C, 494,02°C e 499,32°C) e tempos de ignição (33,39 min, 31,86 min e 32,26 min). O grupo 5 produziu carvões com baixa temperatura de ignição (361,65°C) e baixa taxa máxima de combustão (9,54 % min−1). Portanto, a segregação das madeiras residuais promoveu resultados positivos quanto a qualidade, combustibilidade e combustão espontânea de carvões vegetais produzidos em fornos de alvenaria.