POTENCIAL SILVICULTURAL DAS ESPÉCIES DO GÊNERO CECROPIA NA AMAZÔNIA
MANEJO FLORESTAL, EMBAÚBA, CICLO DE CORTE, POTENCIAL MADEIREIRO
Classificadas como pioneiras no processo de sucessão florestal, as espécies do gênero Cecropia, pertencente à família Urticaceae, popularmente conhecidas como embaúba, têm como características ocupar rapidamente clareiras abertas naturalmente ou pela exploração florestal e formações secundárias. Parâmetros como o rápido crescimento, a ampla distribuição espacial e elevada abundância, associados às propriedades tecnológicas da madeira favoráveis para utilização na indústria, colocam o gênero em destaque diante da necessidade de introduzir novas espécies no mercado, visando compor colheitas futuras, considerando a autoecologia das espécies. Assim, o objetivo deste trabalho foi determinar o potencial silvicultural do gênero através da fitossociologia das espécies, dinâmica populacional e potencial madeireiro com base na distribuição diamétrica e volume pós-colheita. O experimento está localizado no município de Belterra, Pará, onde em 1979 foi realizada a exploração florestal. Em 1981 foram instaladas ao acaso 36 parcelas permanentes, sendo inventariados todos os indivíduos com DAP ≥ 5 cm. As medições foram realizadas em nove cronossequêcias em 33 anos pós-colheita. Parcelas testemunhas também foram instaladas e avaliadas. Os resultados mostram que foram identificadas na área, duas espécies do gênero, Cecropia distachya e Cecropia sciadophylla. Foi observado um aumento considerável na densidade, atingindo um pico máximo quatro anos após a exploração (82,3 árvores/ha) e posterior decréscimo até atingir, após 28 anos, valores similares à área não explorada. Em termos de dominância e volume, o acréscimo foi significativo aos 13 anos pós-colheita (1,7 m²/ha; 14,3 m³/ha), com uma produtividade máxima levemente superior em volume aos 18 anos (15,6 m³/ha), tendo a partir deste momento um rápido declínio. A distribuição diamétrica mostrou que, durante o peridodo de máxima produção em volume, grande parte dos indivíduos estão nas classes intermediárias e que nenhum indivíduo atingiu 50 cm de DAP, considerado o diametro mínimo de corte na atual legislação. Foram registradas altas taxas de ingresso logo após a colheita chegando a 83,1% ano-1 para Cecropia distachya. O ingresso foi maior que a mortalidade até o terceiro periodo avaliado, tendo a partir desse momento um balanço negativo para as espécies até o final do monitoramento. O maior crescimento foi observado para C. sciadophylla com 3,77 cm ano-1 no primeiro período do monitoramento. Conclui-se que as espécies do gênero Cecropia apresentam potencial para produção de madeira após exploração florestal em menor tempo do que o ciclo de corte estabelecido na legislação, que é de 35 anos, o que sugere um manejo diferenciado por apresentarem dinâmica de curta duração.