CARACTERIZAÇÃO E AGRUPAMENTO ENERGÉTICO
DE RESÍDUOS DE AÇAÍ COM O AUXÍLIO DA GEOINFORMAÇÃO
Poder Calorífico, Biomassa, Bairros, Descarte, Mapas
Dentre as espécies mais típicas da região Amazônica, a palmeira Euterpe oleracea Mart., conhecida popularmente como açaizeiro, destaca-se devido as inúmeras formas de consumo do fruto. O despolpamento normalmente é realizado de forma artesanal pelos “batedores” e o alto custo do descarte dos resíduos gerados em grande quantidade é uma das principais limitações da produção. O objetivo deste trabalho foi verificar se a geoinformação é capaz de auxiliar na subdivisão dos bairros do município de Belém quanto a geração de resíduos pelas batedeiras certificadas e quanto a quantidade de energia estocada. Foi realizado o levantamento quantitativo do número de batedeiras certificadas com o selo “Açaí Bom” pela prefeitura municipal de Belém. Para obtenção das coordenadas geográficas de todas as batedeiras foi utilizado um GPS GARMIN modelo GPSmap 62sc, configurado para coordenadas UTM/SIRGAS 2000. Foi definida uma quantidade amostral mínima de estabelecimentos para a coleta e caracterização de resíduos subdivididos em função do tipo de batedeira, experiência do batedor e localização da batedeira. As propriedades determinadas para o resíduo foram umidade e teores de materiais voláteis, cinzas e carbono fixo para estimativa do poder calorífico. A partir da determinação da massa de resíduo contida em uma lata, da determinação do fator de geração de resíduo e da faixa de produção diária, foram propostas equações para a quantificação dos valores mínimos e máximos de resíduos gerados semanalmente no período de safra e entressafra. Para a geração de mapas foi utilizado o software ArcGis 10.1 em imagens obtidas do satélite Landsat 8 do ano de 2018. Dentro do software foi realizada a inserção dos “shapes” de delimitação do Município de Belém e dos pontos referentes às coordenadas das batedeiras, gerando assim o mapa de localização das batedeiras. Verificou-se que os resíduos recém processados apresentam um alto teor de umidade (79,48%) e quando secos apresentaram poder calorífico útil médio de 2952,72 kcal/kg. Durante o período da safra, cada batedor artesanal gera de 485,10 kg a 646,80 Kg de resíduo de açaí por semana, sendo necessário assim o agrupamento de 10-14 batedores para abastecer 1 gaseificador por semana. Na entressafra, os batedores geram de 323,40 à 388,08 Kg de resíduos, necessitando assim de um agrupamento maior, de 17 a 21 batedeiras. Os bairros do Umarizal (693-924 kg), Pedreira (554,4-739,2 kg) e Condor e Marco (485,1-646,8 kg) foram os que geraram maior quantidade de resíduo por dia. Umarizal e Pedreira são os que mais possuem energia estocada no resíduo do açaí com 0.205 TEP/Dia cada. O uso da geoinformação se mostrou capaz de auxiliar na divisão dos bairros tanto para a visualização de polos geradores de resíduos quanto para polos com grande quantidade de energia estocada.