Bioprospecção do resíduo do açaí em Belém e Análise do Acúmulo de Energia Estocada Utilizando Geoprocessamento
Poder Calorífico, Batedeiras, Biomassa, Combustível, Descarte
A região Amazônica apresenta condições naturais e topográficas que muitas vezes dificultam e encarecem a distribuição convencional de energia. Dessa forma, é necessário desenvolver o uso de tecnologias alternativas para geração de energia a partir de fontes renováveis localmente disponíveis. O Pará é o maior estado produtor de açaí com 98,3% do total nacional de forma que os resíduos gerados no beneficiamento do fruto se constituem numa problemática ambiental em função do alto custo para os batedores realizarem sua destinação correta. Com isso, o presente trabalho objetiva quantificar a energia estocada6 nos resíduos do açaí gerados nas batedeiras certificadas de Belém, bem como e agrupa-las de acordo com sua distribuição geográfica por meio do georreferenciamento, com intuito de propor novas metodologias de coleta para suprimentos energéticos específicos. O presente estudo foi realizado no município de Belém, capital do estado do Pará. Inicialmente foi realizado o levantamento quantitativo do número de batedeiras certificadas com o selo “Açaí Bom”. Em seguida, foram obtidas as coordenadas geográficas das batedeiras com GPS GARMIN modelo GPSmap 62sc configurado para coordenadas UTM/SIRGAS 2000. Considerando que o despolpamento do açaí é realizado de forma semi-mecânica, a amostragem de resíduos para caraterização tecnológica considerou o tipo de batedeira, experiência do batedor e localização das batedeiras. Foram estimado o percentual de resíduos em relação à quantidade de frutos de açaí despolpados, a umidade logo após processamento e a composição química imediata. Foram estimados o Poder Calorifico Superior, Poder Calorifico Inferior e Poder Calorifico Útil do resíduo do açaí, bem como totais das massas mínimas e máximas dos resíduos gerados na safra e entressafra e energia estocada no estado. As etapas futuras do trabalho consistirão de, por meio de georreferenciamento, agrupar batedeiras o mais próximas possível para geração de determinadas quantidades de energia. As quantidades mínimas e máximas de resíduos gerados no período de safra e entressafra durante uma semana por batedor foram 485,10 kg, 646,80 kg, 323,40 kg e 388,08 kg, respectivamente. Com base na massa de resíduo gerada, o número de batedeiras a serem agrupadas para o suprimento de um gerador de 40kw por uma semana é de respectivamente 14, 10, 21 e 17 batedeiras para as condições descritas acima. Quando o PCS é utilizado como base de cálculo, os números de batedeiras necessárias por grupo passam a ser as seguintes: 21, 15, 31, e 26 batedeiras. Haja vista a grande disponibilidade de resíduos e a problemática com a destinação irregular dos mesmos, o agrupamento de batedeiras certificadas para garantir o aproveitamento de “caroços” de açaí para o abastecimento de pequenos estabelecimentos através de gaseificadores ou fornos a lenha mostrou-se viável, com potencial de diminuir o custo de energia elétrica e destinação dos resíduos do açaí, bem como de geração de renda extra.