CONSTRUÇÃO E APLICAÇÃO DE UM PROTÓTIPO PARA CARBONIZAÇÃO DE RESÍDUOS DA CASTANHA-DO-PARÁ
Bioenergia; Forno de tambor; Carvões domésticos.
O ouriço que envolve as amêndoas da castanha-do-pará (Bertholletia excelsa Humn. & Bonpl) tem composição lignocelulósica e pode ser empregado na produção de carvão vegetal doméstico para melhorar a renda de comunidades extrativistas. Para isso, é necessário propor sistemas de carbonização que sejam de baixo custo, duráveis e pouco poluentes. Este trabalho teve como objetivo desenvolver um forno de baixo impacto ambiental e metodologias de preparo do ouriço para a produção de carvão vegetal de uso doméstico. Foi construído um forno protótipo constituído de quatro partes: reator, câmara energética, câmara de carbonização e câmara de secagem. A biomassa foi alocada no reator que é constituído por um tambor de 200 L, que, por sua vez, é introduzido dentro da câmara de carbonização para aquecimento até aproximadamente 450°C por meio de energia externa que é gerada na câmara energética. Os gases produzidos no reator foram direcionados à câmara energética para promover a retroalimentação no sistema produtivo e, ao final, todos os gases restantes foram conduzidos para a câmara de secagem para diminuir a umidade da biomassa. O forno foi submetido a pré-testes de carbonização com outras biomassas até que chegasse a época de colheita da castanha, realizada na Floresta Estadual (Flona) do Paru no Pará em abril de 2024. Termopares foram utilizados para registrar as temperaturas dentro e fora do reator. Os ouriços foram divididos em exocarpo e mesocarpo. O mesocarpo foi testado conforme corte realizados pelos castanheiros da Flona Paru e partidos na metade. Em seguida, o material foi carbonizado no sistema proposto. O sistema alcançou temperaturas de 350 a mais de 800°C, devido à configuração do seu layout e do sistema de retroalimentação. Os carvões do exocarpo e mesocarpo apresentaram diferentes densidades aparentes (0,35 e 0,68) g/cm³, umidades base seca (14,71 e 3,40%) e teores de materiais voláteis (38,5% e 24,9 %), cinzas (13,42% 3,91 %) e carbono fixo (33,37 e 70,53%). Não houve variação entre os carvões derivados do corte dos castanheiros da Flona Paru e partidos na metade. O sistema de carbonização precisa de ajustes para evitar picos de temperatura acima de 800°C, mas é promissor para comunidades extrativistas da castanha, já que fornece carvões de ouriço que podem ser comercializados. Para tanto, exocarpo deve ser previamente removido.