Variações da qualidade bioenergética do resíduo de açaí estocado sob diferentes condições ao longo do tempo
Poder calorífico. Euterpe oleraceae. Bioenergia. Carbono Fixo
A produção e comercialização do fruto do açaí tem contribuído de maneira significativa para o desenvolvimento agroindustrial da região amazônica. Porém, tal progresso vem acompanhado do crescimento exponencial da geração de resíduos pós-beneficiamento, com potencial para a geração de bioenergia. Contudo, a estocagem inadequada, que deprecia a biomassa, é uma das principais limitações para esta finalidade. Portanto, o objetivo deste trabalho foi analisar o efeito do ambiente e do tempo de estocagem no grau de modificação da qualidade do resíduo do açaí para pirólise e combustão. Os caroços foram estocados em três diferentes condições: imersos em água deionizada, sob o solo e em sacos plásticos, armazenados em casa de vegetação coberta por nove meses. Foram realizadas análises físicas e químicas do resíduo fresco no tempo 0 (zero) e após 30, 60, 180, e 270 dias de estocagem. As análises de extrativos solúveis em água, espectroscopia no infravermelho por transformada de Fourier, termogravimétrica em atmosfera inerte e termogravimétrica em atmosfera oxidativa foram realizadas para o resíduo fresco e ao final do tempo de estocagem. Os armazenamentos em solo e saco plástico ocasionaram diminuição significativa da umidade do resíduo, ao contrário do armazenamento em água. A densidade do resíduo estocado em água e em saco plástico reduziu a partir de 30 dias. Para o resíduo estocado em solo, essa propriedade diminuiu até 180 dias, voltando a aumentar após 270 dias de estocagem. Os teores de carbono fixo e cinzas aumentaram enquanto os teores de materiais voláteis diminuíram proporcionalmente para as três condições em relação ao resíduo fresco. As estocagens em solo e água diminuíram os materiais solúveis em água. A estocagem em solo aumentou a concentração de lignina e sílica. Todos os métodos de estocagem tornaram o resíduo mais estável para a pirólise e combustão. A estocagem em água foi a que mais depreciou as propriedades energéticas do resíduo do açaí. As estocagens em solo e saco plástico são benéficas para aumentar o teor de carbono fixo e diminuir a umidade, mas afetam adversamente o teor de cinzas e a densidade dos resíduos.