DINÂMICA DE CARBONO EM SISTEMAS AGROFLORESTAIS COM PALMA DE ÓLEO NA AMAZÔNIA ORIENTAL
diversidade de espécies; dendê; respiração do solo; variáveis bióticas e abióticas; fracionamento densimétrico
A conversão de florestas na Amazônia em sistemas agrícolas resulta em intensas emissões de gases-traço em decorrência de queimadas e decomposição da vegetação morta. Resultados divulgados pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (Intergovernmental Panel on Climate Change – IPCC) indicam que o aumento da concentração destes gases na atmosfera afetará todos os setores das atividades humanas e dos ecossistemas. Neste contexto, o uso de culturas perenes e de porte arbóreo como a palma de óleo (Elaeis guineensis Jacq.) integrado a sistemas agroflorestais pode representar uma estratégia viável na Amazônia de imobilização do carbono atmosférico. O objetivo geral deste estudo foi avaliar a dinâmica do carbono do solo em sistemas agroflorestais com palma de óleo na Amazônia Oriental. O estudo foi realizado no município de Tomé-Açú/PA em dois sistemas agroflorestais (SAFs): mais diversificado e menos diversificado consorciados ao cultivo de palma de óleo e uma floresta sucessional. O efluxo de CO2 do solo foi mensurado mensalmente no período de fevereiro de 2015 a fevereiro de 2016. As variáveis microbiológicas foram coletadas em maio e outubro de 2015 e a produção de raízes finas foi estimada com coletas bimensais. A matéria orgânica leve foi separada pelo método de fracionamento densimétrico com utilização de NaI d=1,8 g cm-3. A produção de serapilheira, efluxo de CO2, temperatura e umidade do solo foram avaliados em delineamento inteiramente casualizado com medidas repetidas no tempo. Para as análises microbiológicas foi utilizado um delineamento inteiramente casualizado em arranjo fatorial 3 x 2. Para as frações da matéria orgânica e estoque de carbono o delineamento foi inteiramente casualizado e testado o efeito dos sistemas. Posteriormente testada a normalidade dos dados e quando houve significância foi aplicado o teste de Tukey (p<0,05). O efluxo de CO2 do solo, umidade do solo, respiração basal, nitrogênio da biomassa microbiana e quociente metabólico foram maiores no período de maior precipitação pluviométrica em relação ao de menor precipitação. Somente o carbono da biomassa microbiana e a produção de serapilheira foram maiores no período de menor precipitação pluviométrica. Os SAFs com palma de óleo tiveram maior efluxo de CO2 do solo, temperatura do solo, carbono e nitrogênio total e quociente metabólico, em relação à floresta sucessional. A floresta sucessional apresentou maiores teores de nitrogênio da biomassa microbiana e produção de serapilheira, em relação aos SAFs com palma de óleo. A floresta sucessional e o SAF menos diversificado apresentaram maiores teores de carbono da biomassa microbiana e relação quociente microbiano (carbono e nitrogênio) em relação ao SAF mais diversificado. O SAF menos diversificado e a floresta sucessional tiveram maior produção anual de raízes finas, em relação ao SAF mais diversificado. O SAF mais diversificado estocou mais carbono no solo, na liteira total e suas frações e apresentou maior teor de matéria orgânica lábil em relação à floresta sucessional. O sistema menos diversificado apesar de estocar menos carbono na liteira e suas frações em relação à floresta sucessional estocou mais carbono no solo e teve maior teor de matéria orgânica lábil. Sistemas agroflorestais mais diversificados com palma de óleo são uma alternativa sustentável, pois quanto maior a diversidade de espécies em um agroecossistema maior sua capacidade em estocar de C e N no solo e na liteira, melhorando a qualidade do solo.