"Qualidade do solo e dinâmica de crescimento de espécies florestais e frutíferas em sistemas agroflorestais sem queima na Amazônia"
Agricultura de corte-e-queima; Conservação do solo; desenvolvimento rural sustentável.
As condições naturais de baixa fertilidade e elevada acidez dos solos da Amazônia impõem desafios para a produção agrícola sustentável na região. Técnicas alternativas de uso do solo, que evitam a queima da vegetação, geralmente são dependentes de aplicação de fertilizantes e corretivos agrícolas, recursos não renováveis de custo elevado. A partir deste estudo, objetivou-se avaliar o desempenho de um modelo de sistema agroflorestal implantado em áreas de floresta recém-desmatadas sem o uso de insumos externos. Foi avaliado o desempenho de doze espécies de plantas, entre florestais nativas e frutíferas, em três áreas de clareira com características de clima e solo semelhantes, localizadas na Floresta Nacional de Caxiuanã, Estado do Pará. De modo geral, após três anos de acompanhamento, observou-se redução na fertilidade do solo e dificuldade de estabelecimento das culturas mais exigentes. As espécies florestais Colubrina glandulosa, Carapa guianensis e Vouacapoua americana apresentaram baixa taxa de mortalidade e crescimento regular, enquanto as frutíferas Musa paradisiaca, Theobroma spp. e Psidium spp. enfrentaram dificuldade de se estabelecerem no sistema, apresentando sintomas de deficiência mineral ou crescimento abaixo do esperado. Os resultados sugerem que a implantação de SAFs nestas condições deve ser realizada em duas etapas, utilizando-se espécies-chave com objetivo de melhorar a fertilidade dos solos antes da introdução de culturas mais exigentes. A escolha das espécies, o arranjo utilizado e a adoção de práticas específicas de manejo da matéria orgânica são decisões importantes para garantir a produção agroflorestal sustentável na região.