"Bacillus subtilis associado a Trichoderma asperellum e seus efeitos na morfometria, uso dos nutrientes e fisiologia de capim Marandu"
Biofertilizantes, Forragem, NUE, PGPM
O capim Marandu pertencente ao gênero Urochloa (Syn Brachiaria) é uma forrageira de elevada importância no Brasil e possui grandes extensões de áreas plantadas. O manejo do pasto com relação a adubação mineral muitas das vezes foi negligenciado pelos produtores. No entanto, esse cenário vem mudando e a aplicação de adubo mineral visando o maior desempenho agronômico do capim é uma realidade. Tecnologias que permitam fazer com que ocorra maior uso eficiente dos nutrientes, maior crescimento de plantas e possibilite reduzir os impactos ao meio ambiente, são necessárias serem desenvolvidas e aprimoradas. O uso de microrganismos promotores de crescimento em plantas é utilizado em capim e possui capacidade de reduzir a demanda por macronutrientes, aumentar o crescimento da planta e agir como bioagente de controle a fitopatógenos, além de proporcionar uma produção sustentável. O objetivo deste trabalho foi selecionar bioestimulantes capazes de promover maior uso eficiente dos nutrientes, aprimorar o aparato fotossintético e proporcionar maior crescimento de plantas. O experimento foi realizado em casa de vegetação na Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA). Inicialmente foram realizados três experimentos de forma independente avaliando as reduções de nitrogênio (N) (experimento 1), fósforo (P) (experimento 2) e potássio (K) (experimento 3), inoculados ou não. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado em esquema fatorial 5 x 3 com cinco repetições. Os fatores avaliados foram: taxa de fertilizantes mineral: 0, 25, 50, 75 e 100% da dose recomendada e inoculação com microrganismos promotores de crescimento: não inoculado, inoculado com Bacillus subtilis (UFRA-92) e coinoculado com Trichoderma asperellum composto pelos isolados (UFRA-06, UFRA-09, UFRA-12 e UFRA-52) e Bacillus subtilis (MIX). A inoculação dos isolados foram feitas via rega e aos 35 dias após a emergência e foram mensurados parâmetros biométricos: Altura da planta, comprimento de raiz, massa seca de folha e raiz e foram calculados: a taxa de aparecimento foliar, taxa de alongamento foliar, área foliar. As folhas foram coletadas e analisadas quanto a composição de nitrogênio, fósforo e potássio. O uso eficiente dos nutrientes foi calculado a partir da eficiência agronômica, eficiência fisiológica, eficiência de recuperação e eficiência de resposta dos nutrientes. A partir do melhor tratamento e das melhores doses de nitrogênio, fósforo e potássio encontrados no primeiro ensaio, foi montado um novo experimento, em casa de vegetação, utilizando esses resultados. Os tratamentos foram: plantas não inoculadas e adubadas com dose reduzida de NPK (C), plantas não inoculadas e adubadas com dose máxima de NPK (C+) e plantas coinoculadas com Trichoderma asperellum (UFRA-06, UFRA-09, UFRA-12 e UFRA-52) e Bacillus subtilis e adubadas com dose reduzida de NPK (MIX). O delineamento experimental foi inteiramente casualizado (DIC) com dez repetições. Foram avaliadas as trocas gasosas a partir da assimilação de CO2 (A), eficiência instantânea de carboxilação (A/Ci), condutância estomática (gs) e taxa de transpiração (E). A fluorescência da clorofila a foi determinada a partir da atividade potencial dos centros de reação do fotossistema II (PSII) (Fv/Fo), coeficientes de extinção fotoquímica (qP), taxa de transferência de elétrons (ETR), eficiência fotoquímica efetiva do PSII (Fv’/Fm’) e coeficientes de extinção não fotoquímica (qN). Também foi medido o conteúdo total de clorofila com o auxílio do clorofilometro SPAD e quantificado o conteúdo de clorofila a (Chla), clorofila b (Chlb) e total (Chla + Chlb), assim como também foi feito a quantificação de carboidratos solúveis: Glicose, Sacarose, Frutose e Amido. Foi avaliado os parâmetros de crescimento a partir da altura de planta, comprimento de raiz, massa seca da folha e raiz e calculado a área foliar e taxa de alongamento foliar (TAlF). Foi quantificado o conteúdo de nutrientes das folhas: Nitrogênio, Fósforo e Potássio. Os resultados deste estudo demonstraram que a interação entre coinoculação e doses foi responsável por incrementar a área foliar, altura de planta, taxa de alongamento e aparecimento foliar para nitrogênio e potássio, enquanto para fósforo a interação foi significativa para massa seca de raiz. O efeito isolado da inoculação nas doses de nitrogênio proporcionou incremento de 104% na massa seca de raiz, de 194% na massa seca da folha, de 22% no comprimento de raiz e 11% na taxa de alongamento foliar. Nas doses de fósforo, o efeito isolado da inoculação gerou incremento de 119% na massa seca de raiz, de 156% na massa seca da folha, de 51% na altura, de 20% no comprimento de raiz e de 9,3% para taxa de alongamento foliar. Nas doses de potássio a coinoculação gerou incremento de 117% na massa seca de raiz, de 34% no comprimento de raiz, de 14% na altura de planta, de 50% na área foliar e de 20% na taxa de alongamento foliar. A inoculação e coinoculação apresentou incrementos significativos em todos os índices de uso eficiente do nutriente. O conteúdo nutricional em função da coinoculação gerou incremento de 256% no conteúdo de nitrogênio, de 280% no conteúdo de fósforo e de 29% no conteúdo de potássio. Os resultados também mostraram que a coinoculação proporcionou incrementos de 25% na assimilação de CO2, de 140% e 53% a eficiência instantânea de carboxilação, de 34% na condutância estomática e 30% na transpiração. As vaiáveis calculadas na florescência da clorofila a e os parâmetros de crescimento tiveram incrementos significativos a partir da coinoculação. Assim como o conteúdo de clorofilas, as quais tiveram incremento de 353% na clorofila a, de 349% na clorofila b e de 352% na soma das clorofilas. O conteúdo de carboidratos solúveis também teve respostas positivas em função dos microrganismos, onde apresentaram incremento de 218% em glicose, 36% em sacarose, 775% em frutose e 178% em amido. O conteúdo nutricional de plantas coinoculadas tiveram incremento de 324% em nitrogênio, de 387% em fósforo e 243% em potássio. É possível afirmar que a aplicação dos biopromotores de forma coinoculada foram responsáveis por aumentar o uso eficiente dos nutrientes, aprimorar o aparato fotossintético, aumentar o crescimento das plantas, proporcionado maior eficiência na aquisição de água e nutrientes e na transformação de energia em ganhos produtivos. Neste sentido, é possível afirmar que B. subtilis e T. asperellum podem ser usados como inoculantes em capim Marandu, proporcionando uma atividade com impactos reduzidos ao meio ambiente.