AJUSTES FISIOLÓGICOS E BIOQUÍMICOS EM PLANTAS DE PALMA DE ÓLEO (Elaeis guineensis Jacq.) SUBMETIDAS A EVENTOS REPETITIVOS DE DÉFICIT HÍDRICO
Aclimatação fotossintética, danos oxidativos, sistemas antioxidantes, secas sucessivas
Os plantios de palma de óleo (Elaeis guineensis Jacq.) estão sujeitos a períodos repetitivos de déficit hídrico e reidratação devido aos padrões de distribuição e frequência das chuvas. Em algumas espécies, os eventos repetitivos de déficit hídrico disparam respostas fisiológicas e bioquímicas que culminam na aclimatação da maquinaria fotossintética e melhoram as respostas das plantas ao estresse. Este tipo de ajuste é conhecido como memória ao estresse e não foi ainda avaliado em palma de óleo. Assim, este trabalho objetivou avaliar a capacidade de aclimatação da maquinaria fotossintética e do sistema antioxidante da palma de óleo em função do déficit hídrico repetitivo. Para isso, as respostas fisiológicas de plantas de palma de óleo submetidas a um (WD 1x), dois (WD 2x) e três (WD 3x) eventos de déficit hídrico foram comparadas ao comportamento de plantas mantidas sob plena irrigação (controle). Os eventos de déficit hídrico foram conduzidos pelo tempo necessário para que o potencial hídrico na antemanhã (Ψpd) das plantas estressadas atingisse aproximadamente –2,5 MPa. De acordo com o tratamento, a irrigação das plantas estressadas era retomada para induzir a completa recuperação das plantas antes que um novo evento de déficit hídrico fosse aplicado. As avaliações dos tratamentos foram iniciadas no momento da indução do terceiro, do segundo e do primeiro evento de estresse para os tratamentos WD 3x, WD 2x e WD 1x, respectivamente. Foi observada uma rápida diminuição do Ψpdnos primeiros sete dias de estresse, com médias de –1,81 MPa nas plantas WD 1x e –1,47 MPa nas WD 2x e WD 3x. A desidratação das plantas por sete dias levou a quedas acentuadas na taxa de assimilação líquida do CO2 (A), porém, médias menores nas plantas WD 1x que nas plantas WD 3x. A condutância mesofílica ao CO2 foi menor nas plantas WD 1x até o dia 21. A concentração cloroplastídica de CO2 diminuiu igualmente nas plantas WD 1x e WD 3x até o dia 14, sendo menor nas WD 1x nos dias subsequentes. As plantas WD 1x apresentaram menor atividade da Ribulose 1,5 bisphosphate carboxylase/oxygenase (Rubisco), menor taxa de regeneração da Ribulose 1,5 bisphosphate (Jmax) e maiores taxas de fotorrespiração e respiração que os outros tratamentos. Além disso, as plantas WD 1x apresentaram menores médias de máxima eficiência quântica do fotossistema II (PSII) e máxima eficiência quântica do PSII em dada intensidade e isto ocorreu paralelamente a uma maior concentração de aldeído malônico (MDA). As diminuições na Adas plantas estressadas foram acompanhadas por aumentos na Ci/Ca e redução significativa na eficiência de carboxilação (Ei/C) nas plantas WD 1x em relação às plantas WD 3x. A Fv/Fm nas plantas avaliadas aos 28 dias de avaliação não diferiu entre plantas controle e WD 3x, mas foi 22,8 % menor nas plantas WD 1x em relação ao controle. Foram observadas ainda expressivas reduções em ETR, ligado a aumentos no NPQ em plantas WD 1x. Em relação às plantas controle, o ETR/A foi aumentado 426,5% e 200% em plantas WD 1x e WD 3x. A SOD e GR aumentaram 124 % e 270% em plantas WD 3x, enquanto 68,7% e 30% em plantas WD 1x. Concentrações H2O2 e MDA aumentaram 127% e 110% em plantas WD 1x, sem qualquer efeito no H2O2 e MDA em WD 3x em relação a controle. Assim, concluímos que a palma de óleo sofreu fortes diminuições na A mediadas por fatores estomáticos e não estomáticos, pois são capazes de aclimatar seu maquinário fotossintético, assim como modular seu sistema antioxidante melhorando seu desempenho quando submetidas a eventos repetitivos de déficit hídrico.