MANEJO E SUSTENTABILIDADE DA PRODUÇÃO DE SOJA NO ESTADO DO PARÁ DIANTE DA VARIABILIDADE CLIMÁTICA BASEADA NAS FASES ENOS
Modelagem agrometeorologica; Risco climático, Data de semeadura, CROPGRO-Soybean
Nos últimos 10 anos a produção de soja no Estado do Pará aumentou consideravelmente de 238 mil toneladas em 2005 para 1,02 milhões toneladas em 2015, apresentado grandes oscilações de ano para ano (-69 a 42%). O estresse hídrico representa uma das principais limitações da produção de soja no Estado do Pará. Porém, o impacto das condições ambientais no rendimento das culturas pode ser analisado, por meio de modelos de simulação de cultura. O objetivo deste estudo foi calibrar e avaliar o modelo CROPGRO-Soybean quanto suas estimativas de crescimento, desenvolvimento e rendimento de grão de soja, cultivar BRS-Tracajá nas condições tropicais da Amazônia, para analisar o impacto da variabilidade da precipitação pluvial baseada nas fases ENOS na duração da janela ótima de semeadura (JOS) favorável a altos rendimentos de soja; analisar o risco de quebra de rendimento em função da data de semeadura e avaliar o modelo como ferramenta de previsão de rendimento. O modelo foi calibrado e avaliado com dados experimentais, coletados durante quatro anos de experimento de campo conduzidos em Paragominas-PA, Brasil. O rendimento da soja foi simulado nos dias 1° e 15° de cada mês, iniciando em setembro até maio, totalizando 18 datas de semeadura em cada um dos 33 ano da série histórica de dados climáticos (1981-2013) nos três principais pólos sojícolas do Pará, incluindo Paragominas, Santarém e Conceição do Araguaia, durante anos de El Niño, La Niña e Neutros. Para avaliar a quebra de rendimento (QR), foram simuladas duas condições de crescimento: condição potencial, desconsiderando possíveis restrições hídricas e, condição atual, considerando as condições hídricas ocorridas na série climática, a QR foi determinada pela redução relativa do rendimento potencial em função do rendimento atual. Para a previsão de rendimento, dados meteorológicos diários do ano de 2008 foram usados até a data de previsão, completando-se o restante do ciclo da cultura com dados climáticos diários da série histórica. O modelo foi sensível a variação de disponibilidade hídrica influenciadas pelas fases ENOS, reduzindo ou ampliando a JOS em anos de El Niño ou La Niña, respectivamente, o efeito do ENOS foi mais intenso em Paragominas, onde a JOS variou de 45 a 105 dias e menos intenso em Conceição do Araguaia (75-90 dias). O modelo simulou coerentemente o rendimento potencial nas condições de solo e clima de Paragominas, apresentado variações de 4143 a 4884 kg ha-1, o risco de quebra de rendimento foi inferior a 20% para semeaduras realizadas entre 15 de Janeiro a 15 e fevereiro em mais de 95% das simulações, semeaduras anteriores ou posteriores ao período supracitado apresentaram valores de QR entre 40 e 80%. O modelo também se mostrou viável como ferramenta de previsão de rendimento, apresentando estimativa adequada de produtividade, 30 dias antes da colheita.