BIOCARVÃO DE SEMENTE DE AÇAÍ COMO CONDICIONANTE PARA SOLOS DA AMAZÔNIA
Biochar, Euterpe oleracea Mart., solos tropicais.
Os resíduos do processamento de açaí, são um enorme inconveniente ao bem-estar e higiene sanitária das cidades no norte do Brasil, onde são descartados deliberadamente em terrenos a céu aberto, podendo causar problemas de saúde na comunidade por contaminação ambiental ou pela proliferação de agentes transmissores de doenças. A grande disponibilidade desses resíduos na região aliada a necessidade de uma destinação adequada chama atenção para o seu potencial de uso na produção de biocarvão. Diante disso, o objetivo foi testar o potencial do biocarvão de semente de açaí como condicionante de solo. O biocarvão de semente de açaí foi produzido em forno artesanal e incorporado com doses crescentes em dois solos de texturas distintas, e então compactados em anéis volumétricos com auxílio de uma prensa hidráulica. As amostras foram mantidas em casa de vegetação por um tempo de incubação de 90 e 270 dias. Após esses períodos, as amostras foram avaliadas quanto as características de retenção de água no solo, estabilidade de agregados e densidade de agregados. Concomitante, foram produzidos biocarvões em mufla sob diferentes temperatura e tempos de residência, a partir dos mesmos resíduos do processamento de açaí. Estes, foram avaliados quanto as suas características físicas e químicas. O aumento nas dosagens do biocarvão de sementes de açaí produzidos em forno artesanal não alterou as características de retenção de água no solo, entretanto, aumentou a estabilidade de agregados e reduziu a densidade dos mesmos após 90 dias de incubação, não sendo constado grandeherds diferenças após esse período. Para os biocarvões produzidos em mufla, foi constatado maior influência da temperatura em relação ao tempo de residência, sendo observado maiores valores de pH, maior recalcitrância e maior potencial para retenção de água quando este foi produzido nas maiores temperaturas (600 e 700 °C). Já nas temperaturas mais baixas (300 e 400 °C) foi observado maior rendimento e maior potencial de interação do biocarvão com os componentes do solo, entretanto, foi constatado caráter extremamente hidrofóbico nos biocarvões produzidos sob essas condições. Considerando as características favoráveis do biocarvão produzidos em baixas e altas temperaturas, o valor intermediário de temperatura (500 °C) e maior tempo residência (3 h) em mufla é tido como condição ideal para produção de biocarvão de sementes de açaí. De forma geral, o biocarvão produzido a partir dos resíduos do processamento de açaí têm potencial para alterações favoráveis nas propriedades dos solos da Amazônia