CASAS DE FARINHA DE MANDIOCA NA REGIÃO DE BRAGANÇA: UMA ANÁLISE DOS EMPREENDIMENTOS COM CERTIFICAÇÃO ARTESANAL
Agricultura familiar, Agroindústria rural, Farinha de mandioca, Análise socioeconômica, Amazônia.
O estado do Pará destaca-se como maior produtor de mandioca do país e a Região Bragantina é um dos principais polos de produção no Pará. Essa região é composta pelos municípios de Augusto Corrêa, Bragança, Cachoeira do Piriá, Santa Luzia do Pará, Tracuateua e Viseu, onde a mandiocultura é o principal segmento da economia agrícola, responsável, em 2022, por 61,20% do valor da produção agrícola. A produção de mandioca está diretamente vinculada a agricultura familiar Bragantina, e a produção de farinha de mandioca é o produto mais importante para a segurança alimentar, ocupação de mão de obra e geração de renda. O objetivo dessa dissertação foi analisar o perfil socioeconômico e tecnológico da produção de mandioca e das casas de farinha, bem como o seu nível de adequação às Boas Práticas de Fabricação estabelecidas nas legislações vigentes de produtos artesanais. A dissertação é composta por quatro capítulos, incluindo esta contextualização. O capítulo II analisa o contexto produtivo, tecnológico e socioeconômico do cultivo da mandioca e da produção de farinha na Região Bragantina, onde foram utilizados dados secundários de fontes oficiais, visando uma avaliação conjuntural da produção e do mercado da mandiocultura. O capítulo III foi constituído pela análise de questionários relativos às questões das características das casas de farinha, envolvendo aspectos técnicos, mercadológicos e também sobre as percepções dos empreendedores acerca dos fatores que podem limitar o desenvolvimento da cadeia produtiva da mandioca na Região Bragantina. Nesse capítulo analisou-se também através de aplicação de checklist o percentual de atendimento as Boas Práticas de Fabricação de Casas de Farinha que são certificadas pela Agência de Defesa Agropecuária do estado do Pará (ADEPARÁ). Os resultados indicam que a produção vem reduzindo acentuadamente, desde 2015, motivada pela retração da área cultivada, queda de produtividade e também por conta de fenômenos de natureza socioeconômica e agroclimática como envelhecimento da população rural e falta de sucessores, degradação do solo, problemas fitossanitários, mudanças climáticas, deficiência dos canais de comercialização, além do baixo nível de acesso aos serviços de assistência técnica e crédito rural. Quanto às casas de farinha constatou-se que o nível médio de adequação às Boas Práticas de Fabricação foi de 60% o que sinaliza para a necessidade de avanços nos investimentos nas infraestruturas dessas casas de farinha. No capítulo IV constam as conclusões gerais da pesquisa. Os resultados dessa dissertação contribuem com informações importantes para o aprimoramento da política de produtos artesanais no estado do Pará e, particularmente, com os agentes públicos e privados que atuam na cadeia produtiva da mandiocultura na Região Bragantina.