"RESPOSTAS FISIOLÓGICAS E BIOQUÍMICAS EM DUAS CULTIVARES COMERCIAIS DE AÇAIZEIRO (Euterpe oleracea Mart.) SUBMETIDAS AO DÉFICIT HÍDRICO"
açaí, ajustamento osmótico, eficiência do uso da água, enzimas antioxidantes, estresse oxidativo, peroxidação lipídica, prolina.
O déficit hídrico é considerado um dos fatores abióticos que afetam o crescimento e desenvolvimento do açaizeiro na região Norte. Nos plantios comerciais da espécie, a cultivar (cv.) BRS-Pará tem sido largamente cultivada, pois apresenta boa aptidão para áreas de terra firme, as quais estão propensas a períodos de deficiência hídrica ao longo do ano. Recentemente, uma nova cv. de açaí, chamada BRS-Pai d’égua, foi desenvolvida para plantios em áreas de terra firme. Embora as respostas da cv. BRS-Pará ao déficit hídrico tenha sido explorada nos últimos anos, nada se conhece acerca da cv. BRS-Pai d’égua, permitindo estabelecer a hipótese de que essas cultivares de açaizeiro possam diferir na tolerância ao déficit hídrico. Portanto, este trabalho teve por objetivo avaliar a magnitude das alterações nas variáveis fisiológicas e bioquímicas relacionadas à eficiência do uso da água, ao ajustamento osmótico e às respostas fotoquímicas e de defesa antioxidante em plantas das duas cultivares de açaizeiro (BRS-Pará e BRS-Pai d’égua) submetidas ao déficit hídrico. O experimento consistiu em um tratamento controle, em que as plantas foram mantidas sob irrigação plena; e déficit hídrico, em que a irrigação foi suspensa para a indução do estresse. As avaliações ocorreram quando o potencial hídrico na antemanhã das plantas estressadas atingiu cerca de - 2,5 MPa. As plantas estressadas das duas cultivares apresentaram reduções similares na taxa de assimilação líquida de CO2 (A), contudo, os efeitos do déficit hídrico causaram reduções na condutância estomática (gs) e aumento na eficiência instantânea do uso da água (A/E) e eficiência intrínseca do uso da água (A/gs) de forma mais expressiva em plantas estressadas de BRS-Pai d’égua do que nas plantas de BRS-Pará. A concentração foliar de prolina aumentou nas plantas estressadas das duas cultivares, enquanto as concentrações de carboidratos solúveis totais e sacarose foram diminuídas. Não houve efeito do estresse na concentração foliar de glicina betaína e não foi observado ajustamento osmótico nas plantas estressadas de nenhuma das cultivares. As plantas estressadas da cv. BRS-Pai d’égua apresentaram controle estomático mais eficiente e por isso exibiram maior A/gs que a cv. BRS-Pará. Ao avaliarmos a fluorescência da clorofila a, os pigmentos cloroplastídicos, as enzimas antioxidantes e as concentrações de aldeído malônico (MDA) e de peróxido de hidrogênio (H2O2) das plantas sob estresse, foi observada a ocorrência de danos foto-oxidativos ao fotossistema II e ao aos lipídeos de membrana, indicando que ambas as cultivares apresentam sensibilidade ao estresse oxidativo mediado pelo déficit hídrico. Conclui-se que a cv. BRS-Pai d’égua apresentou menores danos ao estresse oxidativo do que a cv. BRS-Pará, demonstrando que seu sistema de defesa foi mais eficiente, podendo sugerir que às primeiras possam tolerar de forma mais eficiente o déficit hídrico do que a cv. BRS-Pará.