Mineração, agricultura e sociedade: o caso de Parauapebas, Amazônia Brasileira
Recursos minerais, Agricultura, Capital social, Desenvolvimento local, Amazônia.
A mineração é uma das atividades econômicas mais importantes para o Brasil e para o estado do Pará, contribuindo com valores significativos para o saldo da balança comercial, quanto pelos recursos da compensação financeira pela exploração mineral (CFEM). Apesar dessa abundância de recursos, ocorrem impactos socioambientais, principalmente, nas cidades onde a atividade mineral é desenvolvida. O município de Parauapebas é o maior produtor nacional de minério de ferro e, consequentemente, um território com grandes impactos socioeconômicos que vão desde o grande fluxo migratório, refletindo assim na necessidade de elevar a disponibilidade de produtos e serviços ligados a alimentação, saúde, educação, urbanização entre outros; até problemas ligados a conscientização da população sobre o recebimento e uso correto da CFEM, adicionando a isso a problemática da falta de uma matriz econômica alternativa ao esgotamento do minério. O objetivo da tese foi avaliar os impactos da mineração na competitividade de outras atividades econômicas de Parauapebas, em especial a agricultura e qual o grau de conscientização da população do município a respeito dos impactos da mineração, avaliando principalmente se os habitantes da cidade conseguem sentir a conversão de riqueza econômica em bem estar humano por meio da satisfação com os serviços públicos. Os resultados demonstraram que a agricultura recebe impactos positivos e negativos da mineração, uma vez que recebe grande aporte financeiro tanto do poder público quanto das mineradoras por meio de investimentos sociais privados, porém a atividade pouco consegue avançar em modernização e produtividade, em virtude dos impactos negativos gerados pela mineração como a perda de mão de obra mais jovem e consequentemente envelhecimento da população do campo, perdendo-se assim a oportunidades de explorar um mercado consumidor que movimenta mais de um bilhão de reais por ano. Outro impacto negativo encontrado tanto na área urbana quanto da zona rural, foi o baixo pertencimento territorial, com a população tendo baixo interesse em fixar residência e participar dos processos de gestão do município como audiências públicas, sessões da câmara de vereadores e até mesmo em votar para eleger os representantes do poder público. Por fim foi encontrado um baixo índice de eficiência social dos serviços públicos, evidenciando a dificuldade em transformar os recursos da renda mineral em qualidade de vida para a população, sendo que destaca-se a baixa capacidade de satisfação aos moradores até mesmo de serviços básicos como saúde, educação e transporte. O município necessita de um esforço conjunto de poder público, iniciativa privada e sociedade civil para se converter em um território sustentável a longo prazo para que a vida da cidade não se restrinja apenas a vida útil das minas de seu território.