Atributos físicos de solo arenoso de uma cronossequência lavoura-florestas secundárias na Amazônia Oriental
Indicadores físicos do solo; matéria orgânica; retenção de água; solos arenosos; pousio.
Devido à baixa disponibilidade de recursos, grande parte da agricultura familiar adota a prática de corte e queima da vegetação para preparo de áreas agrícolas na Amazônia. Neste sistema, o solo é cultivado até apresentar o mínimo de fertilidade. O pousio tem sido adotado por um período limitado em muitas áreas de agricultura na Amazônia, o que tem causado sérios danos para a qualidade do solo, como a redução significativa (até 50%) dos estoques de carbono orgânico do solo, diminuindo o seu potencial agrícola. Este problema é ainda mais grave em solos arenosos, que são caracterizados por uma estrutura fraca ou inexistente. Para evitar a degradação destes solos e favorecer produtividades satisfatórias, é essencial realizar práticas adequadas de manejo. Neste contexto, objetivou-se avaliar a influência do tempo pousio sobre a matéria orgânica e os atributos físicos do solo arenoso de uma cronossequêcnia agricultura-florestas com diferentes idades em área de agricultura familiar na região periurbana de Belém, na Amazônia Oriental. Foram coletadas 100 amostras deformadas e 100 amostradas indeformadas nas camadas de 0-5, 5-10, 10-20 e 20-40 cm de cinco áreas: quatro áreas sob florestas secundárias compostas por regeneração natural com diferentes idades (RN02, RN05, RN10 e RN20), e área de plantio de mandioca (AGRI-0 anos), localizadas no Assentamento Abril Vermelho. Foram mensuradas as variáveis: porosidade total (PT), macro e microporos (MAC e MIC), densidade do solo (Ds), granulometria, carbono orgânico (CO), e água disponível (AD) e as curvas de retenção de água no solo (CRAS) foram caracterizadas. Os resultados foram comparados pelo teste t de Student com correção de Bonferroni. Os resultados da análise franulométrica demonstraram que há predominância dos teores de areia, com classes texturais variando entre areia franca e areia. Os teores de carbono orgânico não foram afetados pelo tempo de pousio. Os parâmetros físicos (Ds, PT, MAC, MIC e AD) também não apresentaram diferenças significativas na cronossequência pelo teste t, no entanto quanto as profundidades, percebe-se que nas camadas mais profundas há maior densidade (Ds) e porosidade total mais baixa, com diminuição de MAC e aumento de MIC, evidenciando maior retenção de água nas camadas subsuperficiais abaixo de 5 cm. Em todas as profundidades há baixos teores de água disponível (AD). A falta de diferenças significativas dentro da cronossequência pode estar relacionada ao pequeno número amostral (n=5) e a fatores ambientais não controlados na área.