MAPEAMENTO DA OCORRÊNCIA E DISTRIBUIÇÃO DE AÇAIZAL NO CONTEXTO DO USO DA TERRA EM ÁREAS NATIVAS NA AMAZÔNIA ORIENTAL
Açaí, várzea Amazônica, qualidade do solo, sensoriamento remoto.
O estuário amazônico é formado por uma extensa rede hidrográfica e ilhas tomadas por florestas de várzeas o que propicia ao açaizeiro condições ideais de crescimento. O mapeamento e a determinação da distribuição dos maciços naturais de açaizeiro (Euterpe oleracea Mart.) nas várzeas da Amazônia brasileira, sempre foi um desafio tanto nas avalições do potencial de expansão quanto na mensuração produtiva da cultura na região. Assim, o objetivo é mapear e analisar o sistema de várzea produtora de açaí com maior representatividade, nas ilhas de Igarapé-Miri (Jarimbu, Mamangal, Itaboca, Mutirão e Buçu), utilizando técnicas de sensoriamento remoto e geoprocessamento, de modo a caracterizar a dimensão e a distribuição espacial, bem como avaliar as mudanças na paisagem e nos cultivares, correlacionando as ocorrências com as propriedades físico-químicas dos solos de várzea. Nestas ilhas, vivem milhares de famílias de ribeirinhos que praticam o extrativismo do açaí, desenvolvendo suas próprias formas de manejo. O conjunto de estudos aqui desenvolvidos, envolve o mapeamento do uso e cobertura da terra com a identificação dos padrões de açaizais, assim como sua distribuição espacial em meio às florestas nativas. Para tanto, foi utilizado a classificação não supervisionada, ISODATA; neste processo a identificação e o zoneamento geraram sete classes de uso do solo e cobertura vegetal: Hidrografia, Solo Exposto, Área Urbana, Aluvial, Terras Baixas, Arbóreas e Agricultura. Os maciços foram mapeados nas classes Aluvial e Terras Baixas. As ilhas que apresentaram maior porcentagem da classe Aluvial foram Mamangal, Buçu e Jarimbu com 70,3%, 69,2% e 63,7%, respectivamente. Os solos mapeados das ilhas apresentaram textura franco argilo siltosa e franco siltosa, além da elevada saturação por bases (acima de 50%), altos teores de matéria orgânica e presença significativa de potássio e fosforo. Através da análise temporal foi possível observar as variações de algumas classes ao longo de sete anos. A dinâmica de uso e cobertura foi definida por imagens de satélites de alta resolução RapidEye (5m) e Planet (3m), obtidas no ano de 2013 e 2019 respectivamente. Foram observados avanços da classe solo exposto em mais de 50% para as ilhas Jarimbu, Mutirão e Itaboca, esta última responsável por mais de 50% em expansão na classe área urbana. Nas cinco ilhas, a classe aluvial, responsável pelas áreas com açaizal, despontou nos últimos sete anos com aumento dessas áreas em detrimento da redução da classe arbórea. Para validação dos dados foi utilizado a matriz de confusão, com acurácia média das ilhas avaliadas em muito bom, média de exatidão global 77,74% e média do índice Kappa 0,73 apontando forte concordância com os dados de referência e a classificação. O potencial dos sensores remotos na avaliação das variações ao longo do tempo, produziram mapas precisos de mudanças nas florestas de várzea, mostrando-se eficaz para o auxílio no monitoramento e gestão da biodiversidade.