FERTILIDADE DO SOLO EM SISTEMAS AGROFLORESTAIS COM PALMA DE ÓLEO NA AMAZÔNIA
Adubação orgânica. Calagem. Variabilidade espacial. Matéria orgânica. Qualidade do solo
A palma de óleo (Elaeis guineensis Jacq.) é uma palmeira oleaginosa amplamente cultivada em regiões tropicais e de grande importância econômica, comumente utilizada nas indústrias de alimentos, cosméticos e biocombustível. O cultivo dessa palmeira na Amazônia tem sido realizado em sua grande maioria nos moldes convencionais (monocultivo), contudo, o uso intensivo dessa prática pode acarretar à degradação biológica, física e química do solo. Sistemas agroflorestais (SAFs) com palma de óleo aliado a práticas de manejo conservacionista tem sido proposto a fim de elevar a qualidade do solo por meio da manutenção da sua fertilidade. Em vista disso, nosso objetivo foi avaliar se os SAFs com palma de óleo sob práticas de manejo conservacionista contribuem para a manutenção da fertilidade do solo. O estudo foi conduzido no município de Tomé-Açu, Pará, em sítios experimentais pertencentes ao projeto SAF-Dendê. Em cada propriedade constam dois tipos de sistemas agroflorestais com palma de óleo: 1) SAF menos diversificado (palma de óleo + leguminosas); 2) SAF mais diversificado (palma de óleo + espécies frutíferas e madeireiras). No sítio 2, foi selecionado um fragmento de floresta secundária como área referência (FOR) para comparação da fertilidade do solo com os SAFs. Em cada sistema foram estabelecidas ao acaso quatro parcelas. Nos SAFs, a coleta de amostras de solos nas camadas 0-5, 5-10, 10-20, 20-30, 30-50, 50-70 e 70-100 cm foram realizadas em locais específicos dentro de cada parcela (zonas de manejo): coroamento (ACP), carreador (CAR), empilhamento (PIL) e faixa diversificada (DIV). Na floresta, demarcamos um ponto aleatório por parcela para a amostragem de solo nas mesmas camadas dos cultivos. Avaliamos os efeitos dos sistemas (SAFs e FOR) na camada arável (0-20 cm) e nas camadas ao longo do perfil do solo (0-5, 5-10, 10-20 e 20-30 cm) sobre os atributos químicos: acidez ativa (pH), cálcio (Ca), magnésio (Mg), potássio (K), fósforo (P), alumínio (Al), matéria orgânica (MO), acidez potencial (H+Al), capacidade de troca de cátions potencial (T), capacidade de troca de cátions efetiva (t) saturação por alumínio (m%) e saturação por bases (V%). E a variabilidade dos parâmetros de fertilidade das zonas de manejos nos SAFs até a camada 100 cm do solo. Em geral, a acidez nos solos dos cultivos foi estatisticamente menor em relação ao da floresta tanto para camada arável quanto nas camadas estratificadas. Na camada 0-20, o pH foi aproximadamente 20% maior nos solos dos cultivos do que no da floresta. Os teores de nutrientes (Ca, Mg, K e P) no solo dos cultivos foram estatisticamente maiores do que no da floresta. Os aumentos foram de 290, 280, 80 e 800%, respectivamente. A V (%) foi em média 212% maior nos cultivos do que na floresta. As zonas de manejo ACP, DIV e PIL, apresentaram em geral níveis de fertilidade semelhantes entre si quando comparado ao CAR, principalmente nas camadas superficiais. A calagem, fertilizações inorgânicas e orgânicas e manutenção da matéria orgânica sobre solo podem contribuir para melhoria da fertilidade do solo em sistemas de cultivo de palma de óleo. Portanto, nossos resultados sugerem que o cultivo de palma de óleo em sistemas diversificados combinados à adoção de práticas conservacionistas pode contribuir para a manutenção da fertilidade do solo na Amazônia Oriental.