De feirante a empreendedor: avaliação do potencial socioeconômico do setor de alimentação da feira do Ver-o-peso
Feiras e mercados; Segurança alimentar; Gestão; Alimentação de rua; Boieiras.
O complexo do Ver-o-Peso abriga um conjunto arquitetônico e paisagístico formado por mercados e feiras no qual encontramos uma diversidade de produtos, serviços e pessoas. A feira é, acima de tudo, um lugar de intensa vida social e intercâmbio cultural, envolvendo atividades de natureza comercial, mas também simbólica. Está pesquisa visou contribuir para conhecer a dimensão da oferta de alimentos prontos na feira pelas boieiras do Ver-o-Peso (pelo perfil do feirante) quanto, pelo lado da demanda, revelar os atributos significativos que influenciam as decisões de consumo. Em um primeiro momento através de entrevistas presenciais em locais públicos de grande circulação de pessoas na cidade de Belém e em outra etapa com questionários de autopreenchimento pela plataforma Google Docs, direcionados a consumidores de feiras livres. O segundo momento da pesquisa contou com aplicação de questionário semiestruturado com perguntas abertas e fechadas, direcionado as boieiras do Ver-o-Peso e um checklist para observações de campo. Foi observado que o setor de alimentação (boieiras) da feira do Ver-o-Peso é um dos setores mais procurados pelos consumidores (47,37%), ficando atrás apenas do setor de hortifrutigranjeiro (55,64%), devido a tradição de se alimentar na feira e em busca de pratos típicos entre eles o de peixe frito com açaí. Entretanto, as questões de infraestrutura, higiene e segurança são pontos negativos segundo os consumidores e que consequentemente impedem outros clientes a frequentarem a feira, apesar de seus pontos fortes de diversidade, atratividade turística e a comercialização de comidas, a melhoria dos pontos fracos deve ser valorizada pelos feirantes e o poder público, para o fortalecimento da imagem da feira e dos negócios e a segurança alimentar dos consumidores. Quanto a condição socioeconômica das boieiras foi identificado três níveis de atividade no qual notou-se que a maioria das boieiras (69,09%) tem um nível baixo na atividade, as de nível médio são 27,27% e nível alto 3,64% este dado auxiliar na identificação dos estabelecimentos que ao longo do tempo investiram em inovação e qualificação para melhorar o empreendimento e sua rentabilidade. Contudo, a maioria dos feirantes apresentaram baixo nível de gestão no processo produtivo e financeiro dos negócios, proporcionando pouco investimento em bens de capital, assim como o baixo nível de cooperação entre as boieiras, o que fragiliza a ampliação e sucesso da atividade. Outro aspecto observado foi quanto as questões higiênico-sanitárias das barracas que na maioria dos casos não estão de acordo com as Boas Práticas de Manipulação de Alimentos, faltando fiscalização por parte da administração pública, assim como implementação de políticas públicas de crédito adequar e incentivar o empreendimento das boieiras.